quarta-feira, 27 de abril de 2016

Escola livre?



O Estado de Alagoas ganhou novamente a visibilidade na mídia nacional, com a tramitação de mais um projeto polêmico na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). 

De autoria do deputado Ricardo Nezinho (PMDB), o Programa "Escola Livre” no âmbito do sistema estadual de ensino defende: neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado; pluralismo de ideias no âmbito acadêmico; liberdade de crença; direito dos pais a que seus filhos menores recebam a educação moral livre de doutrinação política, religiosa ou ideológica; e educação e informação do estudante quanto aos direitos compreendidos em sua liberdade de consciência e de crença.

Porém, as “boas ações” que estão no papel, prevê na prática a punição aos professores que emitirem seus posicionamentos em sala de aula a respeito de temas como política, questões étnicas, questões de gênero, diversidade sexual, etc. Diz a ementa: “O(a) professor(a) não poderá: abusar da inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para qualquer tipo de corrente específica de religião, ideologia ou político-partidária; não favorecer nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas; não fará propaganda religiosa, ideológica ou político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos ou passeatas; e ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa, com a mesma profundidade e seriedade, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas das várias concorrentes a respeito, concordando ou não com elas”.

O projeto de lei foi aprovado por unanimidade na Casa legislativa, porém, o governador de Alagoas Renan Filho (PMDB) vetou alegando que a medida é inconstitucional e a decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado no 25 de janeiro de 2016. Ontem (26 de abril), os/as deputados/as estaduais retomaram com a pauta no plenário, para debater sobre o veto do Chefe do Executivo.

Durante todo o dia, em frente à ALE no bairro do Centro em Maceió, ocorreu o ato intitulado “Todos contra a censura: Não à lei da mordaça”, onde acadêmicos, trabalhadores da educação e representantes dos movimentos sociais reivindicaram a manutenção dos vetos e pressionaram os parlamentares contra o retrocesso na educação. A ação é contrária ao cerceamento das liberdades democráticas, da autonomia do professor em sala de aula e do espaço escolar como ambiente democrático e essencial para se alcançar uma sociedade mais justa e igualitária. Segundo as lideranças, o Programa “Escola Livre” está sendo encabeçado pelo Movimento Brasil Livre, setores ultraconservadores da Igreja Católica e Evangélica, Movimento Pró-Família e Movimento Alagoas contra a Doutrinação Escolar.

A Mesa Diretora instalou telões do lado de fora do prédio, para os/as manifestantes acompanharem a votação. No entanto, a população precisa reivindicar a solução de outras problemáticas recorrentes, que interferem a efetivação da educação com qualidade, salário digno para professores(as), merenda diária e nutritiva aos estudantes, infraestrutura adequada... São inúmeras as questões para se preocupar, afinal, o índice de evasão escolar continua gritante e o Estado é líder em analfabetismo.

Os estudantes precisam ter contato e saber respeitar os universos distintos da sociedade, ampliar a sua formação e compreensão de mundo.

Fonte: Coluna Axé - 388ª edição – Jornal Tribuna Independente (26/04 a 02/05/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

quarta-feira, 20 de abril de 2016

País da corrupção e hipocrisia

O domingo(17 de abril de 2016), tornou-se inesquecível na História do Brasil! A população brasileira se polarizou e acompanhou o processo de votação ao impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Em questão, “avaliaram” a existência de crime de responsabilidade e ilegalidade fiscal da Presidente. O destino da nação virou piada nas redes sociais e nos veículos de comunicação em todo o planeta.

No Circo dos horrores, também denominado Câmera Federal, foram entoados discursos nojentos e sem fundamento jurídico. Era necessário apenas uma declaração de dez segundos, para responder "sim" ou "não" ao impeachment, mas os parlamentares resolveram fazer dedicatórias e realizar chacotas no plenário, quebrando todo o decoro e a moralidade. As palavras mais escutadas para demonstrar-se favorável foram: "Pela família, Deus, amigos, filhos, netos e eleitores"; e os contrários ao impeachment, exaltaram a democracia e os movimentos sociais, e condenaram o golpe e a fraude.

O momento mais constrangedor foi protagonizado pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) que exaltou o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (o pavor de Dilma Rousseff), ex-chefe do DOI-CODI na ditadura militar e acusado de comandar torturas, e também parabenizou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por sua condução no processo. Já o deputado Jean Wyllys, em meio às vaias e ofensas, declarou: "Estou constrangido de participar dessa farsa, eleição indireta conduzida por um ladrão, curtida por um traidor conspirador e apoiada por torturadores, covardes, analfabetos políticos e vendidos. Essa farsa é sexista, em nome dos direitos da população LGBT, do povo negro exterminado nas periferias, dos trabalhadores da cultura, dos sem teto, dos sem terra. Eu voto não ao golpe e durmam com essa, canalhas!

Foram mais de seis horas de votação. No total, foram 511 votos, sendo 367 a favor, 137 contra, com sete abstenções e duas ausências. Na bancada alagoana, foram seis votos favoráveis e três contrários ao impeachment. Agora, o processo encontra-se no Senado Federal para a realização de uma nova votação, em seguida, Dilma poderá ser ou não afastada temporariamente do cargo até que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue o caso.

Na sua primeira aparição pública após sofrer derrota de impeachment na Câmara, Dilma Rousseff declarou: "Eu me sinto injustiçada. Injustiçada porque considero que esse processo é um processo que não tem base de sustentação. A injustiça sempre ocorre quando se esmaga o processo de defesa, mas também quando de uma forma absurda se acusa alguém por algo, primeiro que não é crime, e segundo acusa e ninguém se refere a qual é o problema. Eu assisti ao longo da noite de ontem a todas as intervenções, e não vi uma discussão sobre o crime de responsabilidade que é a única maneira de se julgar um presidente da República no Brasil", afirmou.

O momento sociopolítico da contemporaneidade poderia ser facilmente comparado/confundido com final de copa do mundo ou um grande carnaval, diante de tantos festejos, shows e salva de fogos com os últimos acontecimentos. Porém, pouco importa se você é de direita ou esquerda, situação ou oposição ao governo, o fato é que o país encontra-se em um processo delicado de transformação social, onde todos têm responsabilidade, e a punição aos corruptos é seletiva. O futuro além de incerto é aterrorizante!

Fonte: Coluna Axé – 387ª edição – Jornal Tribuna Independente (19 a 25/04/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 19 de abril de 2016

Quando me amei de verdade – Carlos Drummond de Andrade



 Esse texto é lindo! Vale ser lido e relido; curtido e compartilhado; exposto na parede; e servir para a reflexão constante. 

Quando me amei de verdade 

(Carlos Drummond de Andrade)

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E, então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome… autoestima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades. Hoje sei que isso é… autenticidade.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de… amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é… respeito.

Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… pessoas, tarefas, crenças, tudo e qualquer coisa que me deixasse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama… amor-próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é… simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes. Hoje descobri a… humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar muito com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é… plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Tudo isso é…. saber viver!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Travessia nº7

Grandes parceiros: professor Marcelo e o amigo Afonso


No domingo(10.04), a Federação Aquática do Estado de Alagoas (FAEAL) promoveu mais uma importante edição do Festival de Natação no Mar: Revezamento 3x700 e Individual 2100m. Mas, dizem as más línguas, que a marcação do percurso foi errada e todo mundo nadou 1km extra no individual.

Essa foi a minha sétima travessia representando a Academia Nadart Fênix, fiz no tempo de 01:18.32, o que resultou no sexto lugar geral feminino e preciosos pontos no ranking estadual. Superei a pressão psicológica em ver o portal da chegada em cada volta, e mesmo assim, continuar com as braçadas; suportar o incômodo na barriga (a famosa dor de viado); as pernas pesadas; a sede; e o corte devido à respiração sempre do mesmo lado (roçando o pescoço na alça do maiô).

Infelizmente, só tinha eu na sênior B e levei mais uma medalha para a coleção. Foram apenas 10 mulheres inscritas na competição e em categorias diferentes. Já é possível perceber que quanto maior o percurso, menos participantes. Afinal, não é todo mundo que tem coragem de nadar no mar!

Porém, mais importante do que subir ao pódio, é ultrapassar os limites do corpo, ter a sensação de liberdade e relembrar a própria evolução no esporte. Só para exemplificar: há um ano, iniciei o vício e fiz essa mesma prova; participei do revezamento, uma única volta de 700m, e um bombeiro se aproximou para perguntar se eu precisava de ajuda; quando cheguei em casa, passei o resto do dia deitada e não consegui fazer mais nada. Agora, a dor transforma-se em estímulo.

Eu só tenho a agradecer ao professor Marcelo Luz, os parceiros de raia e a minha família/amig@s/torcida organizada pelo incentivo constante. Até a mainha prestigiou e rezou o tempo todinho até o meu retorno... parabenizou e mais uma vez disse que não vinha mais. kkkkkk  

Estou muito feliz com cada resultado. A natação tornou-se minha terapia, lazer e prática essencial para a qualidade de vida! É hora de intensificar os treinos, conhecer outros mares e enfrentar os próximos desafios. Rumo aos 5km!

terça-feira, 12 de abril de 2016

Sinapir 2016

O Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) instituído pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010), foi regulamentado pelo Decreto n° 8136/2013 e pela Portaria SEPPIR n.º 8, de 11 de fevereiro de 2014. O Sinapir tem como objetivo contribuir para a organização e articulação do conjunto de políticas e serviços destinadas a superar as desigualdades raciais no Brasil.

Buscando proporcionar o fortalecimento das ações e a implementação dessa importante política de Estado, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, lançou o “Edital de Chamada Pública nº 02/2016”. De acordo com o edital, serão disponibilizados R$ 4.576.713,00 (Quatro milhões, quinhentos e setenta e seis mil, setecentos e treze reais) para três áreas de financiamento: fortalecimento dos Órgãos, Conselhos e Fóruns Estaduais voltados para a promoção da igualdade racial; apoio a políticas públicas de ação afirmativa; e a políticas para comunidades tradicionais.

Podem participar da seleção: órgãos da Administração Pública Direta dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como Consórcios Públicos com atuação voltada ao enfrentamento ao racismo e à promoção da igualdade racial. As propostas devem ser apresentadas no Sistema de Convênios do Governo Federal (SICONV), disponibilizado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) no sítio eletrônico https://www.convenios.gov.br/portal/.

Dentre os critérios de avaliação e classificação, estão: caracterização social da população negra, alcance geográfico da proposta e qualidade técnica da proposta apresentada. Também é fundamental a adesão, por parte dos entes federados, quanto a existência de órgãos e conselhos voltados para a promoção da igualdade racial em âmbito local. O Sistema estabelece, ainda, modalidades de gestão (básica, intermediária e plena) cuja diferenciação está na capacidade de gestão do órgão de PIR local.

As inscrições podem ser realizadas até o dia 2 de maio e a publicação do resultado final está prevista para 12 de maio. Mais informações: http://seppir.gov.br/articulacao/sinapir (61) 2025-7050.

Fonte: Coluna Axé – 386ª edição – Jornal Tribuna Independente (12 a 18/04/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 5 de abril de 2016

Juventude e protagonismo

O encerramento do Seminário de avaliação dos 13 anos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), realizado no período de 29 a 31 de março, em Brasília, com a presença de várias lideranças do Movimento Negro Nacional, além de integrantes do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), e de ex-ministros da Seppir, foi marcado com o lançamento de ações que beneficiam a juventude brasileira, especialmente, aos jovens negros e negras.

O primeiro ato foi a assinatura de um contrato pela ministra Nilma Lino Gomes, do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e a presidenta da Caixa, Miriam Belchior, para operacionalização do “Identidade Jovem” ou “ID Jovem” como está sendo chamado. Trata-se de um documento que vai garantir gratuidade no transporte público interestadual e de meia-entrada nos eventos artístico-culturais e esportivos a cerca de 18 milhões de jovens brasileiros.

Na ocasião, também foi lançado o Edital do Prêmio Antonieta de Barros, no valor de R$ 1 milhão, voltado para projetos de comunicação de jovens negros e negras. Segundo a ministra Nilma Lino, o ID Jovem vai atender aos jovens negros, brancos, indígenas, do campo, quilombolas, homens, mulheres, população LGBT, das águas e das marés, urbanos, estudantes ou não. Nilma Lino ressaltou ainda, que a juventude é a protagonista das conquistas.

Com relação ao edital, a ministra destacou que o prêmio faz referência a um grande nome do ativismo negro brasileiro. Antonieta de Barros foi uma mulher negra, parlamentar, na época em que poucas mulheres conseguiam ser deputadas e, sobretudo, no sul do país. “A escolha contém toda uma simbologia”, declarou Nilma. O Edital do “Prêmio Antonieta de Barros – Jovens Comunicadores Negros e Negras” vai contemplar 50 ações de comunicação realizadas por jovens negros e negras.

O objetivo é estimular o protagonismo juvenil, promover a imagem positiva de jovens negros e negras, divulgar ações de comunicação já realizadas ou em realização que estimulem a igualdade racial, além de mobilizar, articular e fortalecer o movimento jovem negro envolvido com a igualdade racial e o combate ao racismo. As duas iniciativas do governo federal foram muito bem recebidas pelas lideranças do movimento negro e de juventude presentes na solenidade, especialmente, pelo secretário nacional de juventude, Jefferson Lima e por Daniel Souza, presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve).

Essa é mais uma oportunidade para estimular o trabalho das instituições afros e grupos da juventude negra que prezam pelo desenvolvimento sociocultural e combate da criminalização. Precisamos de uma juventude viva, ativa e transformadora! Axé!

Fonte: Coluna Axé – 385ª edição – Jornal Tribuna Independente (05 a 11/04/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com