terça-feira, 20 de outubro de 2009

Visita política

Por: Helciane Angélica


No dia 15 de outubro, o auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado (Sintep) localizado no bairro do Prado em Maceió, ficou apertado para receber o número de representantes do movimento social negro alagoano. O motivo do encontro foi a presença de Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, que é interligada ao Ministério da Cultura. Aliás, não foi uma simples visita e sim uma convocação para discutir dois pontos importantes: a instalação do escritório da FCP na cidade de União dos Palmares e a programação político-cultural do mês da consciência negra.


A reunião começou às 18h30 e só foi concluída às 22h, no início foram destacadas as ações realizadas pela Fundação e os novos projetos que buscam ampliar os avanços das questões étnicorraciais para o país.


A Palmares a partir de agosto quando completou 21 anos de existência, vive uma nova realidade, principalmente em relação às propostas. Estamos investindo na reestruturação, antes trabalhávamos de forma precária e tínhamos cerca de 2/3 do número de funcionários terceirizados, mas, agora temos 139 funcionários de carreira e até o final do ano queremos ampliar em 200. Além disso, iremos investir nas representações regionalizadas, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão e Alagoas”, declarou Zulu. A escolha deu-se pela importância geo-política e pelo percentual do número de afrodescendentes; Alagoas é o único de âmbito estadual e que terá um escritório, com a principal missão de atender as reais necessidades da Serra da Barriga e a administração do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.


Essa pauta foi bastante polêmica, pois a escolha do futuro secretário ou secretária estadual ainda não foi definida e vários nomes foram especulados para a disputa, como: Mestre Claudio, Djalma Rosendo, Arnaldo Barbosa, Neide Mitomari e Zezito Araújo – o resultado deve ser apresentado no próximo mês. Para o escritório, o imóvel já foi providenciado e terá a contratação de três auxiliares por meio de licitação: assistente administrativo, secretário(a) e serviços gerais. Em relação à programação festiva do 20, foram recebidos alguns projetos e considerados exorbitantes, por enquanto, o apoio que foi divulgado é a escolha de uma atração nacional para se apresentar e 10 ônibus que deslocarão ativistas, estudantes, professores e demais interessados de Maceió até a cidade palmarina, entretanto, outras propostas ainda serão discutidas.


No encontro, estiveram presentes vários grupos filiados ao Fórum de Entidades Negras de Alagoas (Fenal), capoeristas, religiosos de matrizes africanas e representantes da Associação dos Grupos e Entidades Negras de União dos Palmares (Agrucenup).


O curioso dessa história são os jogos de interesses, enquanto tem instituições que executam ações durante o ano inteiro, superando as dificuldades estruturais e financeiras; outras, só se preocupam em produzir projetos nas vésperas do Dia da Consciência Negra e principalmente com o cachê que podem “arrancar” nesse período. Aí, resta sempre a mesma pergunta: a consciência político-cultural e a resistência negra só existem em novembro? Críticas sempre presentes, apenas, para a reflexão e crescimento. Axé!


Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (20.10.09)

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