terça-feira, 25 de outubro de 2016

Saúde da população negra

Às vésperas de mais um Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, a ser comemorado na próxima quinta-feira, 27 de outubro, o segmento que representa 53,6% dos brasileiros (segundo dados do IBGE) vive um momento de apreensão e preocupação, já que a Saúde poderá ser uma das áreas mais afetadas pela PEC 241, a Proposta de Emenda Constitucional que congela os gastos do governo por 20 anos.

De acordo com especialistas, a mudança de regra imposta pela nova norma prevê a limitação do crescimento dos gastos públicos na gestão Federal, com perdas consideráveis de recursos destinados as áreas sociais, especialmente, aos gastos com ações e serviços públicos em saúde produzindo efeitos desastrosos no setor, nas esferas de gestão municipal e estadual.

Em nota, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e o Conselho Nacional de Secretarias Estaduais de Saúde (CONASS) alertam que a PEC 241 “apresenta, de forma explícita, o desmanche do que, nos últimos 28 anos, foi duramente conquistado em termos de garantia de financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS)”. E destaca que “isso poderá eximir o Poder Público de sua responsabilidade e compromisso com a redução e combate às iniquidades”. Se a assistência à saúde pelo SUS, no geral, está ameaçada, o que dizer da implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). Criada pela Portaria 992, de 13 de maio de 2009, essa política que é resultado da luta histórica do Movimento Negro, tem como objetivo promover a saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços do SUS.

O problema é que, sete anos após sua criação, a política não chegou à população negra. O racismo, as desigualdades sociais e de gênero, além do racismo institucional continuam sendo determinantes nas condições de saúde da população negra. Reduzir o financiamento do SUS incentivará a política de privilégios, uma das piores formas de racismo institucional, aumentando a exclusão da população negra ao direito à saúde.

Apesar de transversal, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra não é compreendida desta forma pela maior parte dos gestores. Poucos são os Estados e municípios que instituíram os comitês técnicos de saúde da população negra, por exemplo, importante instrumento de participação social para implementação da PNSIPN. Alagoas acabou de criar o seu, mas falta muito para que a política de fato aconteça em nosso Estado. Aliás, fazer a política chegar na ponta é o maior desafio. Portanto, é preciso estar atento e reagir às ameaças de retrocesso.

Coluna Axé – 414ª edição – Jornal Tribuna Independente (25 a 31/10/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Colaboração: Valdice Gomes / Contato: cojira.al@gmail.com

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Diálogos inúteis




Por: Helciane Angélica


É impressionante como as pessoas terminam ativando o modo antissocial diante das suas adversidades emocionais e profissionais. E eu, me incluo nesse fragmento da população que se recolhe, se poupa, fica offline.


Fugimos dos programas familiares, das reuniões intermináveis, das boemias e até dos inocentes bate-papos com amigos(as) verdadeiros(as). Tudo isso para não demonstrar as fraquezas e não ter que dar explicações desnecessárias sobre as consequências dos seus próprios atos; ou simplesmente porque estamos sem assunto, não tem nada de novo, nada de interessante para falar.


Os/as especialistas de plantão diriam que essas características servem de alerta para um possível quadro depressivo e que requer cuidados. Blá, blá, blá.


A sensação é de vergonha, frustração e impotência pelos dramas vivenciados; a gente sempre acha que os nossos problemas são maiores, que tudo de ruim vem em comboio. Porém, cada um(a) tem o seu tempo de reação e formas de superação, e a única coisa que resta é: respeitar o momento e ajudar da melhor forma.


E infelizmente, por mais que você tente se esquivar, os encontros inesperados com aquele(a) colega dos tempos de escola/faculdade, do antigo trabalho, de um evento qualquer, da casa da peste... que você não ver há anos, aparece, e tenta puxar conversa sobre a sua vida só para matar a curiosidade...

I
- Olá menina! Como está?
- Oi! Tudo bem.
- Por onde andas?
- Na luta de sempre!

II
- Oi Helci! Nossa, como tá magra!
- kkk Ainda falta perder mais um pouquinho
- Agora, você é atleta, só vejo suas postagens nas redes sociais.
- Que nada, é o meu lazer.
- E aí, tá fazendo mais o que da vida?
- Só estudando e nadando mesmo.


III
- E aí, mulher. Tá trabalhando?
- Não, tô parada.
- Tá deixando currículo?
- Sim, deixei. Participei de algumas seleções, mas não fui chamada.
- Mas, tem muitas vagas na tua área?
- Não. Pelo contrário, não estão contratando.
- É, tá difícil mesmo!
- Humrum.


Pois é, é a crise econômica no Brasil, o desgaste mental, a desvalorização dos ideais e a superficialidade nas relações interpessoais. Enquanto isso, a gente segue em frente buscando dias melhores...


domingo, 23 de outubro de 2016

Reflexão sobre a felicidade


Crédito da foto: Jackie Marques (12.10.16)

O sábio Augusto Cury (1958) - psiquiatra e escritor brasileiro - é o autor desse belo texto sobre a vida e a felicidade:

Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá a falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você.

Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.

Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.

Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “me perdoe”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu te amo”. É ter humildade da receptividade.

Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz. E, quando você errar o caminho, recomece. Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.



terça-feira, 18 de outubro de 2016

PEC 241

A Proposta de Emenda à Constituição 241/2016, de autoria do Poder Executivo, passou em primeira votação na Câmara dos Deputados e tem como finalidade: “Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal”. Tem como justificativa equilibrar as contas públicas, a ideia é fixar por até 20 anos, podendo ser revisado depois dos primeiros dez anos.

Com a aprovação (segunda votação na Câmara e mais duas no Senado), passaria a vigorar as seguintes alterações: “Art. 101.  Fica instituído, para todos os Poderes da União e os órgãos federais com autonomia administrativa e financeira integrantes dos Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, o Novo Regime Fiscal, que vigorará por vinte exercícios financeiros, nos termos dos art. 102 a art. 105 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.” e  “Art. 102.  Será fixado, para cada exercício, limite individualizado para a despesa primária total do Poder Executivo, do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, inclusive o Tribunal de Contas da União, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União”.

As vedações atingem aos servidores públicos: à concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de servidores públicos, exceto os derivados de sentença judicial ou de determinação legal; criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa; alteração de estrutura de carreira; admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos; e a realização de concurso público.

Na prática, o congelamento das despesas, afetará diretamente a população mais vulnerabilizada, pois atingirá os investimentos nos serviços essenciais como educação e saúde pública; além de interferir no valor do salário mínimo, que seria reajustado apenas de acordo com a inflação.

Para ampliar o conhecimento sobre o assunto, o Centro Acadêmico Guedes de Miranda realiza hoje (18.10) o debate “Decifrando a PEC 241: Análise Jurídica, Social e Econômica”, das 14h às 17h, no mini auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em Maceió. A inscrição é gratuita e os facilitadores serão: Basile Christopoulos (Professor, Advogado e Assessora Jurídico da Ufal), Lucas Sorgato (Economista e Sócio-Diretor na empresa Projete Consultoria) e José Menezes G. (Cientista Político e Coordenador do Núcleo Alagoano pela Auditoria da Dívida e Componente do Observatório de Políticas Públicas e Lutas Sociais da Ufal).

Os movimentos sociais denominaram a PEC “De Fim do Mundo”, e no domingo (23) a partir das 15h, se concentrarão em frente ao Posto 7 no bairro da Jatiúca em Maceió, para a mobilização contra a destruição da educação, da saúde e de muitos serviços públicos no Brasil, que comprometerá o futuro na nação.


Fonte: Coluna Axé – 413ª edição – Jornal Tribuna Independente (18 a 24/10/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Semana da Criança

O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – considera criança a pessoa até doze anos de idade. E de acordo com o Art. 4º, todos têm o compromisso com o bem estar das crianças: “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.

No Brasil, o dia das crianças é celebrado no dia 12 de outubro, com a realização de várias ações lúdicas em escolas, parques públicos, praças, igrejas, centros comerciais, dentre outros locais. Em Maceió/AL, para comemorar o mês dedicado ao público infantil, além das praias tem muitas programações gratuitas e que vale a pena levar os/as pequenos/as.

A Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos terá uma programação especial nos dias 17 a 21 de outubro, com atividades que visam garantir diversão e estimular o hábito da leitura, por meio da Biblio Tour Infantil, contações de histórias e recreação – com os grupos Ciranda de Histórias, Biblio Encanta e Trupe Navegantes. Para mais informações e o agendamento de visitação pelo telefone: (82) 3315-7877.

O Maceió Shopping no dia 12 de outubro, a partir das 17h, terá uma edição do projeto Diversão de Sol a Sol que reunirá a banda Cazuadinha, Pepa Pig, Frozen e o Mágico Anthony. Também tem o espaço da Liga da Justiça, na Praça Central, com videogames, fantasias de super-herois, telas exibindo episódios, além de desafios surpresa para deixar a diversão ainda mais legal. A atração funciona das 14h às 20h, e é dedicada a faixa etária entre 3 a 12 anos. Em frente à loja Renner, o público confere a exposição #PequenosNotáveis, uma homenagem às meninas e meninos alagoanos que se destacam nas redes sociais.

Nas grotas e comunidades carentes, grupos religiosos e organizações não governamentais realizarão brincadeiras e a doação de brinquedos. É o caso da Associação Cultural Ginga Brasil Capoeira (coordenada pelo Mestre Bode) que fará a festa das crianças no Conjunto Virgem dos Pobres II no bairro do Benedito Bentes, a partir das 14h em frente ao Batalhão da Polícia Militar, e contará com apresentações culturais e roda de capoeira.

Toda criança, independente de classe social, cor e religião tem o direito de ser feliz!


Fonte: Coluna Axé – 412ª edição – Jornal Tribuna Independente (11 a 17/10/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Centro de valorização cultural

A população alagoana e os diversos segmentos da cultura terão mais um amplo espaço de integração e valorização das manifestações socioculturais. Em breve, algumas instalações do Espaço Cultural da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) – localizado no bairro do centro em Maceió – estarão disponíveis para atender a atividades às sextas, sábados e domingos.

De acordo com as informações divulgadas no site da instituição de ensino, a proposta é abrir uma agenda permanente para projetos da própria Universidade, como também, para a execução de projetos externos. O anúncio foi realizado no dia 30 de setembro, durante reunião ordinária do Fórum Integrado de Arte e Cultura da Ufal.

Para o diretor do Espaço Cultural e coordenador de Assuntos Culturais, Ivanildo Piccoli, estão sendo preparados espaços multiusos. “Teremos a Sala Preta, que está sendo reformada e atenderá às demandas dos cursos de Artes e, nos fins de semana, vai estar disponível para performances, espetáculos e outras ações internas e externas; Também vamos contar com a Sala da Camerata e uma de multimeios para teleconferência, exibição de filmes e demais atividades relacionadas. Esperamos que até o final deste ano, consigamos entregar esses ambientes”, disse. Já a diretora do Museu Théo Brandão, Nadir Nóbrega, colocou as instalações do prédio (auditório e do pátio externo) à disposição para agendas de eventos e apresentações dos cursos de Artes.

Entre os temas da pauta definida, Piccoli reforçou a necessidade dos equipamentos culturais montarem uma agenda unificada para dar mais visibilidade às ações realizadas e para que a comunidade universitária e a sociedade em geral tomem conhecimento do que está sendo produzido. Também foi defendido a discussão e o planejamento das ações para 2017, incluindo os 200 anos de emancipação política de Alagoas e a proposta de criação de cursos livres de artes no Espaço Cultural.

Sem dúvidas, esse é um grande avanço, um novo espaço de entretenimento e extensão acadêmica! A iniciativa contribuirá para o intercâmbio de experiências, integração dos grupos locais e o fortalecimento da cultura alagoana. 


(Com informações da Ascom/Ufal)
Fonte: Coluna Axé – 411ª edição – Jornal Tribuna Independente (04 a 10/10/16) / COLUNA AXÉ / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com