A população alagoana e a mídia acompanhou mais um caso de intolerância religiosa na semana passada, o nono caso em Alagoas onde envolve a polícia militar e denúncias de perturbação do sossego. Após reclamações de vizinhos, na última terça-feira (22), policiais do Batalhão de Policiamento de Eventos (BPE) foram até o bairro do Jacintinho (no Conjunto José da Silva Peixoto), para Casa de Axé coordenada pelo babalorixá Francisco Araújo, de 74 anos, que mesmo tendo autorização da juíza Denize Calheiros (6º Juizado Especial Civil e Criminal) para realizar os rituais, foi apreendido o Ylú de Xangô (o atabaque que é um instrumento musical).
O absurdo dessa história é que o fato aconteceu às 20h, antes mesmo do toque em culto aos orixás acontecer. Essa não foi a primeira vez que o terreiro foi abordado, inclusive, pelo mesmo policial que estava no comando. O Secretário Estadual Paulo Rubim, declarou que a ocorrência foi classificada como comum – sem qualquer avaliação sobre a forma como ela foi procedida.
Por meio de declaração à imprensa, o advogado Alberto Jorge Ferreira, o Betinho, ressaltou que: “Há parque de diversões, shows nas comunidades, trabalhos com evangélicos nas ruas e eventos da Igreja Católica que nunca sofreram intervenção da polícia. Com os terreiros, a situação é complicada e o que pesa mais é o preconceito contra os praticantes das religiões afrodescendentes”, afirmou o Presidente da Comissão de Defesa das Minorias Étnicos Sociais, que está acompanhando mais esse caso.
Os religiosos já tiveram reuniões com o Comando de Policiamento da Capital, onde foi garantida que atos de intolerância religiosa e arbitrariedade dos profissionais da segurança pública não iriam mais acontecer, no entanto, só vêm aumentando.
Os religiosos já tiveram reuniões com o Comando de Policiamento da Capital, onde foi garantida que atos de intolerância religiosa e arbitrariedade dos profissionais da segurança pública não iriam mais acontecer, no entanto, só vêm aumentando.
Dentre as reivindicações sempre defendidas estão: combater o racismo institucional; garantir a capacitação dos policiais civis e militares, com cursos e seminários sobre a temática e com a participação dos ativistas do movimento social negro; exigir que o boletim de ocorrência seja preenchido corretamente; e efetivar a implantação de um Termo de Ajuste de Conduta contra a intolerância religiosa. Enfim, o que eles querem mesmo, é respeito à liberdade de culto, garantida no Artigo 5º da Constituição Brasileira.
Termino o comentário desta semana com a frase do Babalorixá Marciel, o pai de santo mais velho no Estado e reverenciado pelos demais sacerdotes – “Nós temos que combater esse preconceito. Nós não somos macumbeiros, feiticeiros, e sim religiosos”. Axé!
Fonte: Editorial da Coluna Axé / Tribuna Independente (29/09/09)
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