terça-feira, 22 de setembro de 2009

Maioria Absoluta

Por: Helciane Angélica


Estudos afirmam que negros e pardos já é a maioria absoluta no país. A reportagem de Wilson Tosta, publicada no jornal O Estado de São Paulo, no último dia 19, traz informações sobre uma pesquisa executada pela Pnad em 2008. Foi apontado no ano passado, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira - 50,6% dos habitantes, antes 50% em 2007 - se declarou parda ou preta.

Porém, a participação das populações negra e branca no total de brasileiros retrocedeu, enquanto as de mestiços e outros (que abrangem amarelos e indígenas) cresceram. Vejamos os dados: antes, 42,5% dos brasileiros se diziam pardos, e esse porcentual subiu para 43,8% em 2008; os pretos deixaram de ser 7,5% para 6,8% da população. Mas, o fato mais curioso é que muitas pessoas se diziam brancos e agora estão se intitulando de outra forma - essa tendência já foi observada em pesquisas anteriores - reduziu de 49,2% para 48,4%.

O pesquisador Renato Ferreira, do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) afirmou que: "o que vínhamos detectando é que cada vez mais brancos começavam a se declarar pardos, porque aumentava a consciência do seu pertencimento; as últimas Pnads já refletiam esse aumento", disse. Outro dado interessante é que houve um crescimento dos entrevistados que classificaram sua condição étnica como "outra" - passaram de 0,8% para 0,9% dos habitantes do Brasil.

Explicações científicas a parte, alguém tem dúvida, que esse crescimento no número de pardos além da consciência étnicorracial tem haver também com interesse? Quantas pessoas mudaram o jeito de pensar sobre sua cor e origem, principalmente após as políticas de ações afirmativas, seja por identificação ou por causa dos possíveis benefícios que isso iria acarretar? Enfim, realmente somos maioria, infelizmente, também nos aspectos ruins: nas penitenciárias, nas periferias, nos IMLs, nos leitos dos hospitais, etc e tal. Quando é que o nosso povo será valorizado de fato, terá oportunidades dignas sem ser por obrigação ou com o único intuito de combater o racismo? Quando é que, o negro terá orgulho de ser negro? Continuará sendo no carnaval e na copa do mundo?! Axé!

Fonte: Editorial da Coluna Axé / Tribuna Independente (22/09/09)

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