terça-feira, 30 de março de 2010

Escritório da FCP

Por: Helciane Angélica - Jornalista


Na última sexta-feira (26.03) foi inaugurado em União dos Palmares o escritório da Fundação Cultural Palmares que é vinculada ao Ministério da Cultura, e terá a coordenação de Severino Claudio Figueiredo Leite, conhecido por Mestre Claudio. Já existem representações regionalizadas, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Maranhão. Alagoas é o único de âmbito estadual que terá um escritório, com a principal missão de atender as reais necessidades da Serra da Barriga e a administração do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

Estiveram presentes ativistas, capoeiristas, quilombolas, várias autoridades e a população palmarina. Na mesa de honra, estiveram presentes: o Presidente da FCP, Zulu Araújo; o Secretário Estadual de Cultura, Osvaldo Viégas; o Prefeito Areski Freitas; o Vereador Benedito José dos Santos; a ialorixá Neide Martins (Mãe Neide Oyá D’Oxum); e o ativista e cientista social Carlos Martins.

De acordo com Zulu Araújo, a escolha do professor de educação física, Mestre Claudio, para ser o primeiro representante do escritório se deu na forma mais democrática possível e concorreu com o historiador Zezito Araújo, que também fez muitas ações a favor da temática negra no Estado. “A decisão se deu também como uma forma de homenagear e reconhecer a importância que a capoeira tem para o nosso país. No ano passado na Bahia foi feito o registro de patrimônio cultural da União e o nosso próximo passo é transformá-la como patrimônio cultural da humanidade, pois estar presente em 152 países”.

A solenidade serviu ainda para anunciar que neste ano, serão utilizados 200 mil reais para a reforma do Parque Memorial, que terá a ampliação do restaurante, construção da área destinada para os ambulantes e a restauração dos espaços contemplativos. O prefeito Kil também declarou que existe 1 milhão de reais empenhados, que irão resolver de uma vez por todas o calçamento da estrada que dar acesso à Serra. “Consegui boa parte do dinheiro com o Deputado Federal Francisco Tenório. Hoje a demora é apenas burocrática, com a licitação para a escolha da empresa que fará o serviço. Felizmente, o problema não é mais a falta de recursos”, declarou o gestor municipal.

A programação seguiu com a apresentação da orquestra de berimbaus composta por mestres de capoeira, uma roda de confraternização, o grupo de dança Aró Fun Fun Omanjerê e no encerramento teve a degustação da comida afro-brasileira. Esse foi um momento histórico, fruto de uma reivindicação do movimento social negro que existia há 30 anos; o escritório funcionará na Travessa Santa Maria Madalena, nº236, Centro da cidade. A Cojira-AL deseja axé e acredita que o povo afro-alagoano terá mais conquistas com este novo avanço!


Fonte: Coluna Axé - jornal Tribuna Independente (30.03.10)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Pérola racista - Faustão

O programa Domingão do Faustão realizou ontem (28.03) a tradicional premiação “Melhores do Ano” com 15 categorias. Infelizmente a boca maldita do apresentador sempre solta uma piadinha de mau gosto, desta vez, ao anunciar os concorrentes na categoria melhor cantor (Pe. Fábio de Melo, Daniel e Seu Jorge) disse a seguinte pérola: “O padre, o coroinha e o capeta”. Advinha quem era o capeta?!

Logicamente o Seu Jorge, o campeão do ano passado. Talvez o porquê esteja no imaginário popular, pois a cor preta estar associada ao feio ou ao que não presta. Porém, o Faustão tentou justificar o título dizendo que as filhas do cantor e compositor já estão cansadas de dar muitos conselhos para ele.

A maioria das pessoas podem defender dizendo que isso não é racismo, foi apenas uma brincadeira. Mas, o preconceito é assim mesmo ... sutil, malvado, penetrante, irresponsável, dúbio, ilimitado, etc e tal.

sábado, 27 de março de 2010

Trilha sonora - fim de semana (27 e 28.03)

Mais um mês acabando. Novos horizontes e ideais ... novos desafios. Ando precisando de descanso na alma e no coração.


terça-feira, 23 de março de 2010

Mais respeito e conquistas

Por: Helciane Angélica - Jornalista


O Dia Mundial Contra a Discriminação Racial é comemorado no dia 21 de março, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em memória as vítimas do Massacre de Shaperville, um bairro sul-africano da província de Gauteng. Nesta mesma data em 1960, vinte mil negros protestavam contra a “Lei do Passe”, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam se movimentar no país. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão e o saldo da violência foi de 69 mortos e 186 feridos.

Trata-se de mais uma data que busca refletir sobre os efeitos danosos do racismo na sociedade e que encontra-se presente em todas às classes sociais e segmentos. No dia 21 de março, também tem mais dois fatos importantes, em 1988 a Serra da Barriga através do Decreto nº 95.855 foi reconhecida como Monumento Nacional, após ter sido tombada pelo IPHAN em janeiro de 1986. E dez anos depois, o movimento negro conseguiu junto ao Governo Federal consagrar o último comandante-em-chefe da República Quilombola Palmarina, Zumbi dos Palmares, como herói nacional devido a sua luta, organização e resistência no maior e mais importante “mukambu”.

No último domingo no Vergel do Lago, ocorreu um ato de valorização da cultura popular e afro-alagoana para reverenciar o dia 21 de março, os 12 anos de Zumbi como herói, além de chamar a atenção da sociedade sobre as injustiças que homens, mulheres e crianças negras sofrem diariamente devido à cor da pele.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), pouco mais de 50% da população brasileira é afro-descendente (pardos e negros), no entanto, ainda lutam por oportunidades iguais no mercado de trabalho, nas universidades, nos cargos de poder, nos meios de comunicação, por tratamento adequado de saúde e moradia. Temos preconceito contra o gordo, o baixinho, o homossexual, o nordestino, o deficiente físico... são várias as formas de opressão, mas ainda querem negar que existe discriminação racial no Brasil. Bom, já tivemos várias conquistas, mas o racismo não dar descanso e a luta continuará! Axé!

Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (23.03.10)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Cenas do Cotidiano - Ilha de Itamaracá

A Ilha de Itamaracá fica no litoral norte de Pernambuco, fica separada do continente pelo canal de Santa Cruz e está 48km distante da capital Recife. A expressão "Itamaracá" deriva da língua tupi, com o significado de "pedra que canta" ou "pedra sonante".

Eu conheci o local nessa última semana ... fiquei quatro dias, mas conheci poucas coisas. Estava participando do seminário no Hotel Orange Praia Hotel, só pude sair em dois momentos para curtir a piscina à noite e na praia logo cedinho. Fui caminhar e conheci uma cachorrinha que fez companhia durante todo o percurso (tão lindinha) e lógico que também tomei banho de mar.

Olha as fotos do paraíso, as que eu não estou, foi as que tirei. :P

domingo, 21 de março de 2010

Cenas do cotidiano - Seminário em Pernambuco

Caso tivesse que definir o Seminário de Mulheres Negras Nordestinas no combate da discriminação racial na mídia, diria que foi ESPETACULAR! De grande importância para a minha formação político-cultural, como militante e também de grande suporte para o meu crescimento profissional.

O evento ocorreu na Ilha de Itamaracá em Pernambuco, de 18 a 21 de março, foi promovido pelo Observatório Negro em parceria com a Articulação de Mulheres Negras Nordestinas. Voltei renovada, com o desejo mais forte de abordar às questões étnicorraciais, com descobertas e novos desafios.

Depois contarei outros detalhes da viagem ... segue algumas fotos dos bastidores. Veja outras informações no blog da Cojira/AL.

Foto clássica, em frente ao banner do evento. :)

Eu fui a única alagoana, representei o Anajô e a Cojira/AL.
Cerca de 70 participantes oriundas do Nordeste e convidadas de outros estados.

Eu e as quilombolas arretadas de Pernambuco: Suleima, Patrícia e Sonáthia.
Reencontrei a baiana Paula Fanon, conheci ano passado na Conapir que ocorreu em Brasília. Agora, ela foi minha companheira de quarto. Acesse o blog dela sobre literatura negra.

Lanches - nunca comi tanto em seminários, voltei com mais quilinhos.

Também tinha criança no evento, essa é a lindinha da Carol ... na brinquedoteca.

Olha aí, assistindo palestra, debatendo e tirando foto.

Divisão de grupos - debate sobre a importância de uma REDE de mulheres negras no combate da discriminação racial na mídia.

Tietagem: todas as participantes querendo ficar ao lado da Lia de Itamaracá.

Eu consegui tirar foto ao lado da cirandeira mais conhecida do Brasil e patrimônio vivo de Pernambuco.

Também estavam presentes as cirandeiras, Dona Dulce e Dona Pio, filhas de Baracho.

Essa é professora Sandra, também da Bahia e companheira de quarto ... já tenho onde ficar quando for conhecer Salvador.

Olha aí, beleza negra em dobro com as gêmeas: Viviana e Viviane Santiago.

Também aproveitei a ciranda na festa de encerramento.

Foi um evento ótimo, com troca de experiências e muito aprendizado.
Até a próxima!


sábado, 20 de março de 2010

Trilha sonora - fim de semana (20 e 21.03)

Estou na Ilha de Itamaracá participando do 1º Seminário de Mulheres Negras Nordestinas, e a grande atração desta noite é a Lia de Itamaracá. A artista respeitada é patrimônio vivo de Pernambuco e é considerada a mais famosa cirandeira do Brasil.




terça-feira, 16 de março de 2010

Igualdade racial e de gênero

Por: Helciane Angélica


De 18 a 21 de março, o Observatório Negro e a Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) realizarão o Seminário Mulheres Negras Nordestinas no combate à discriminação racial na mídia. A atividade acontecerá no Hotel Orange na Ilha de Itamaracá em Pernambuco e recebe o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Mulher (Unifem).

Cerca de 30 mulheres foram selecionadas para o evento, sendo oito representantes dos estados nordestinos e as demais participantes são do estado anfitrião. De Alagoas, estará presente a jornalista Helciane Angélica Santos Pereira, que é integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL) e Diretora do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, que faz parte dos Agentes Pastoral Negros do Brasil (APN’s).

O seminário faz parte de uma das três etapas que compõem o projeto Mulheres Negras pelo Direito Humano à comunicação. Busca a integração entre lideranças negras oriundas de vários segmentos afros, com o objetivo de fortalecer uma ação articulada para combater todas as formas de preconceito e a vulgarização da mulher nos meios de comunicação.

Na programação, constam palestras, mesas-redondas, roda de diálogos e apresentações artísticas a exemplo do afoxé Oyá Alaxé de Recife e a Lia de Itamaracá, artista respeitada e considerada a mais famosa cirandeira do Brasil. Dentre os temas a serem discutidos estão: Mulher Negra e Comunicação; Democratização racial da Comunicação; Racismo na mídia e violência simbólica contra as mulheres negras; Direito humano à comunicação (rádio comunitária, TV, internet, direito de antena, produção da informação e destinatários).

Também serão apresentadas as experiências do Observatório Negro com as diversas mídias e a atuação da justiça brasileira, que irá discutir as ações da entidade no Ministério Público e fazer uma análise das respostas do Estado para os diversos casos. A entidade foi implantada no dia 04 de setembro de 2004, busca fortalecer a população negra enquanto sujeito político de direitos e na construção de uma sociedade radicalmente democrática, atuando no combate do racismo e o sexismo em parceria com outros segmentos da sociedade civil organizada.

A iniciativa faz parte da celebração do centenário do Dia Internacional da Mulher, é importantíssima e deveria ser difundida em todas as regiões do país. Acompanhe a cobertura do evento no blog da Cojira-AL, no twitter (@cojiraal e @obs_negro) e na próxima edição da coluna axé.


Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (16.03.10)

sábado, 13 de março de 2010

Trilha sonora - fim de semana (13 e 14.03)

Neste sábado, Maria Gadú estará aqui em Maceió, apresentando seu talento na Praça Marcílio Dias no encerramento do Femusesc - festival de música mais importante do Estado de Alagoas.
A artista de voz suave vem batalhando a vários anos, e só agora a mídia a evidencia, destacando-a como a revelação do momento.
Adoroooo essa música, inclusive, é o toque do meu celular. :P


terça-feira, 9 de março de 2010

Guerreiras do cotidiano

Por: Helciane Angélica


Dia Internacional da Mulher, 8 de março, é uma data de forte simbolismo e de luta! Teve origem no século XX por meio das manifestações femininas, na Europa e nos Estados Unidos, que reivindicavam melhores condições de trabalho, o direito de votar e por mais oportunidades nas diversas áreas. A data foi adotada pelas Nações Unidas em 1975, para lembrar as operárias em fábricas de vestuário e indústria têxtil que protestavam contra as más condições de trabalho e os baixos salários, em 8 de Março de 1857 na cidade de Nova Iorque (EUA) e foram mortas.

A programação deste ano em Alagoas teve início no domingo com uma caminhada contra todos os tipos de violência na orla da capital alagoana, organizada pela Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; e ontem, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) aprofundou a temática com o 6º ato em defesa da vida, com palestras, apresentações artísticas e a comemoração dos 20 anos do Núcleo Temático Mulher & Cidadania. Teve também um ato unificado sobre os 100 anos da implantação e reflexão da data no calçadão do Comércio, com panfletagem e apresentações artísticas. E à noite, a Comenda Nise da Silveira que homenageou dez mulheres em reconhecimento aos trabalhos desenvolvidos em prol da cidadania.

Nesta terça-feira tem o seminário no auditório do Sesc/Poço, das 8 às 12h30, com o tema “Enfrentando a Violência contra a Mulher, em Maceió” organizado pela Prefeitura de Maceió e o Conselho Municipal da Condição Feminina. Busca orientar as participantes sobre os caminhos a serem seguidos para o atendimento de urgência e emergência a mulheres em situação de violência. Os movimentos sociais também terão uma semana repleta de ações: no dia 17 a partir das 15h, com a apresentação de filmes seguido de debate no auditório do Sindicato dos Bancários; e no dia 18, com a marcha das Mulheres “Estaremos em marcha até que todas sejamos livres” que acontece paralelamente à atividade nacional em Campinas (SP). No dia 20 tem o Encontro de Mulheres da Vila dos Pescadores do Jaraguá e no dia 27, uma atividade com as trabalhadoras rurais e pescadoras em Maragogi.

Todo o dia é dia da mulher! A Cojira-AL deseja felicidade e garra para superar os obstáculos diários de todas as mulheres: da periferia, camponesas, quilombolas, indígenas, das mais diversas categorias profissionais... todas que lutam por um mundo melhor, por respeito e oportunidades iguais em todas às áreas.


Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (09.03.10)