No dia 16 de setembro de 1931, foi fundada a Frente Negra Brasileira: movimento de repercussão nacional com atuação no campo sócio-político, que contribuiu para várias conquistas dos afro-descendentes no país. Existiu por seis anos e chegou a reunir cerca de 60 mil filiados espalhados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Espírito Santo, Maranhão e Sergipe. Dentre as lideranças estiveram: José Correia Leite, Arlindo Veiga dos Santos, Raul Joviano, Aristides Barbosa, Francisco Lucrécio, Marcello Orlando Ribeiro e Placidino Damaceno Motta.
Para Abdias Nascimento, ícone do movimento negro nacional que faleceu neste ano, foi a mais importante organização que os negros tiveram após a abolição da escravatura em 1888, e que serviu para preparar o negro para assumir uma posição política e econômica. No site, www.abdias.com.br, traz as lembranças do ativista que não participou desta Articulação porque na época servia ao Exército e não era permitido: “A Frente fazia protestos contra a discriminação racial e de cor em lugares públicos... sob a perspectiva de integrar os negros na sociedade nacional. Dessa forma combatia a FNB os hotéis, bares, barbeiros, clubes, guarda-civil, departamentos de polícia, etc. que vetavam a entrada ao negro, o que lembrava muito o movimento pelos direitos civis dos negros norte-americanos”.
Também atuou como partido político em 1936 lançando vários candidatos negros, inclusive, já sonhavam em ter um presidente negro; mas com a decretação do Estado Novo por Getúlio Vargas, todos os partidos políticos foram declarados ilegais e dissolvidos no ano seguinte. A partir daí, era preciso desenvolver outras formas de resistência para propagar os ideais.
No livro “Frente Negra Brasileira – Depoimentos” de Márcio Barbosa possui textos e entrevistas sobre a organização, atividades desenvolvidas e experiências vividas. “A Frente Negra funcionava perfeitamente. Lá havia o departamento esportivo, o musical, o feminino, o educacional, o de instrução moral e cívica. Todos os departamentos tinham a sua diretoria, e o Grande Conselho supervisionava todos eles. Trabalhavam muito bem. Dessa forma, muitas entidades de negros que cuidavam de recreação filiaram-se à Frente Negra” declarou Francisco Lucrécio.
São muitas as memórias e as lutas inspiradoras, até mesmo na área da comunicação foi uma referência, em 1933 fundou o jornal “A Voz da Raça”, periódico de caráter nacionalista que exaltava palavras de ordem como “Deus, Pátria, Raça e Família” e também teve o “Clarim da Alvorada”, que combatia o preconceito racial e tinha caráter pedagógico.
E para celebrar os 80 anos da Frente Negra Brasileira, nesta quinta-feira (15.09) terá uma cerimônia especial na antiga sede deste movimento – a partir das 19h, na Casa de Portugal, no bairro Liberdade em São Paulo (SP). A solenidade é uma promoção das Secretarias Estaduais de Cultura, e de Justiça e da Defesa da Cidadania, que contará com a presença de representantes de vários grupos do Movimento Negro Nacional e pesquisadores. Vale a pena conhecer um pouco mais sobre a FNB, temos muito que aprender!
Fonte: Coluna Axé - nº167 - Tribuna Independente (13.09.11)
Nenhum comentário:
Postar um comentário