Há, sim, a tristeza construtiva - aquela que nos
impulsiona para a Vida Superior, encaminhando-nos para o trabalho da melhoria
íntima, perante a sede de ascensão espiritual.
Existe, porém, a outra - a tristeza destrutiva - que se
traja de luto, por dentro do coração, todos os dias, espalhando desânimo e
pessimismo onde passa.
Observa a ti mesmo, a fim de que te imunizes contra semelhante doença da alma.
Toda vez que comentamos nossos problemas, exagerando-lhes o tamanho ou
dramatizando as dificuldades que nos chegam à existência; sempre que tomamos o
tempo alheio, a fim de recordar sofrimentos passados que a Providência Divina
já mandou apagar, em nosso benefício, com a esponja do tempo; em todas as
situações nas quais nos pomos a exaltar os preconceitos próprios,
desconsiderando a posição e a experiência dos semelhantes; e, na generalidade
dos casos em que nos pusermos a lamentar dissidências e desacordos, contendas e
mágoas, estamos afastando de nós mesmos os melhores amigos, através da amargura
e do ressentimento que destilamos com as nossas palavras.
Naturalmente, cautelosos, esses companheiros preferem distância à partilha indébita
de nossas aversões e frustrações, antagonismos e queixas, embora,sempre que
generosos e leais, estejam claramente dispostos a apoiar-nos na restauração da
própria harmonia.
*
Compreendamos que ninguém estima a permanência num espinheiro e nem escolhe
vinagre para brindar os laços diletos, e saibamos fornecer bondade e paz,
entusiasmo e otimismo aos que se aproximem de nós, porquanto não há quem não
necessite de alguém para executar os deveres que a vida lhe preceitue.
Para isso, nós que sabemos rogar a Deus proteção e bênção, aprendamos
igualmente a pedir à Divina Providência nos conceda a precisa coragem para
silenciar desapontamentos e lágrimas, de maneira a doar paz e alegria,
segurança e consolo aos outros, tanto quanto esperamos esses benefícios dos
outros em auxílio a nós.
Fonte: Emmanuel / Chico Xavier / Livro: Coragem
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