terça-feira, 16 de outubro de 2012

1º Presidente negro

Foto: Fellipe Sampaio/STF

Na última quarta-feira (10.10), mais um fato histórico ocorreu no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa foi eleito novo presidente da Corte por um mandato de dois anos e também assumirá a presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 

A eleição foi por voto secreto, em cédulas de papel, e ganhou por nove votos a um. Ele substituirá o ministro Ayres Britto, que completa 70 anos em novembro e, pela lei, será obrigado a se aposentar. 

O único negro entre os 11 ministros do STF, tem se destacado na mídia por ter sido o relator no julgamento do mensalão e era o vice-presidente do Supremo. Dentre as atribuições estão: velar pelas prerrogativas do Tribunal, representá-lo perante os demais poderes e autoridades, além de dirigir os trabalhos e presidir as sessões plenárias. 

Diante da sua trajetória pessoal e profissional, a imagem de herói tem se propagado nas redes sociais, a exemplo, de uma foto com a seguinte frase: “Batman é para os fracos. O meu herói é negro, usa toga preta e está em Brasília, lutando contra os maiores vilões da história do Brasil. Obrigado, ministro”. Até a empresa de comunicação Playerum criou um jogo de vídeo game intitulado “A batalha do mensalão”, onde Barbosa usa o seu olhar justiceiro para punir os mensaleiros que tentam se defender atirando dinheiro, como forma de tentar comprar tudo e todos. Os vilões são o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério. 

Porém, nem tudo são flores, o primeiro presidente negro já começa o trabalho com a abertura de um procedimento interno que investigará a suspeita de racismo na corte. Dois diplomatas negros e diplomatas – Carlos Frederico Bastos da Silva, 45, e Fabrício Prado, 31, da Divisão de Assuntos Sociais do Itamaraty – foram barrados no dia em que ele foi confirmado como presidente da corte. De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo, o problema ocorreu após a apresentação de documentos, enquanto dezenas de convidados entravam no plenário, eles ficaram na porta, os seguranças diziam que o sistema de identificação estava "travado" e só conseguiram entrar autorizados por um superior. Desconfiados de racismo, os diplomatas pediram explicações ao secretário de segurança institucional do STF, José Fernando Martinez. Ele disse que, ao comparecerem ao STF uma semana antes, os dois tinham tido comportamento "suspeito" e acabaram fichados nos computadores da corte. Martinez só não explicou que atitude deles teria gerado suspeita. 

Pelo visto, as amarras do racismo encontram-se presente em todos os setores, e, somente com a valorização da educação, fortalecimento da justiça social e o respeito ao próximo poderemos mudar essa dura realidade.

Vencedor

Joaquim Barbosa, 58, nasceu na cidade mineira de Paracatu. De origem humilde, é filho de um pedreiro e de uma dona de casa, estudou em escola pública e começou a trabalhar desde cedo. Foi faxineiro, compositor gráfico no Senado Federal, foi oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores, serviu na Embaixada do Brasil na Finlândia e integrou o Ministério Público Federal em Brasília e no Rio. Na área acadêmica, é doutor e mestre em Direito Público pela Universidade de Paris, também terminou Mestrado em Direito  e Estado na Universidade de Brasília (UnB), e ainda, fala quatro idiomas: francês, inglês, alemão e italiano. Sem dúvidas, esse homem é um exemplo para a população negra.


Fonte: Coluna Axé - nº221 - Jornal Tribuna Independente (16.10.12)

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