terça-feira, 28 de julho de 2015

Julho das pretas

O último sábado, 25 de julho, entrou para a história diante da organização e diversidade de atividades em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. 

A data também refere-se ao Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra; “Rainha Tereza” viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé em Mato Grosso, liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro. Segundo documentos da época, o lugar abrigou mais de 100 pessoas (aproximadamente 79 negros e 30 índios), que resistiram da década de 1730 ao final do século. Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. 

Em todo o Brasil, foram realizados eventos com o objetivo de estimular a reflexão sobre as discriminações e vulnerabilidade social que são expostas as mulheres afro-descendentes, além de divulgar a Marcha Nacional das Mulheres Negras 2015: Contra o racismo e a violência e pelo bem viver. Foram promovidas rodas de conversas, seminários, plenária das mulheres, entrega de prêmios, exposições e caminhadas, como por exemplos: a pré-marcha no Festival de Inverno de Garanhuns (PE), na Praia de Copacabana (RJ) e a Marcha do Orgulho Crespo (SP). 

De acordo com a Associação Rede de Mulheres Afro-Latinas, Afro-Caribenhas e da Diáspora (Mujeres Afro), cerca de 200 milhões de pessoas que se identificam como afrodescendentes vivem na América Latina e no Caribe, o que corresponde a 30% da população dessas regiões. No Brasil, as mulheres representam o percentual de 51% da população, e 50 milhões são negras que lutam cotidianamente por respeito, condições dignas de trabalho e equiparidade salarial. 

Infelizmente, as mulheres negras encontram-se no último lugar na escala social, é aquela que possui menor escolaridade, são as maiores vítimas de mortalidade materna (60% dos casos), encontram mais dificuldades no acesso aos serviços de saúde e orientações sobre a amamentação, são as mais rotuladas e exploradas sexualmente na mídia, enfrentam vários tipos de preconceitos estéticos, etc, etc, etc. 

Enquanto isso, é preciso continuar em marcha, lutando por direitos e seguindo os exemplos de Aqualtune, Dandara, Anastácia, Tereza de Benguela, Luísa Mahin, Carolina Maria de Jesus,  Lélia Gonzalez, Tia Marcelina e tantas outras guerreiras. 



Exposição
O Comitê Impulsor da Marcha de Mulheres Negras 2015 em Alagoas e a Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH) promoveram no último sábado, 25 de julho, o Lançamento da Exposição “Memória Lélia Gonzalez: O feminismo negro no palco da história”, em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e o Dia Nacional da Mulher Negra. A exposição permanecerá aberta à visitação de segunda à sexta-feira, até o dia 14 de agosto, no Museu da Imagem e do Som (MISA) localizado na Praça Dois Leões, no bairro de Jaraguá em Maceió. Prestigie! (Crédito da foto: Divulgação) 


Fonte: Coluna Axé  – 352ª edição – Jornal Tribuna Independente (28/07 a 03/08/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

domingo, 26 de julho de 2015

terça-feira, 21 de julho de 2015

Mulheres afro-guerreiras

O mês de julho é também conhecido como o mês das pretas, devido a importância do dia 25 de julho, onde celebra-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e ainda, o Dia Nacional da Mulher Negra e da quilombola Tereza de Benguela (Projeto de Lei do Senado nº 23, de 2009, de autoria da Senadora Serys Slhessarenko).  

A data foi criada em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana. Trata-se de um marco na luta e da resistência da mulher negra, para o fortalecimento das organizações de mulheres negras e lideranças da atualidade, que contribuem para o enfrentamento ao racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais. 

No Brasil, vários segmentos afros e entidades do Movimento de Mulheres realizam debates, seminários, lançamento de livros, desfiles afros e homenagens. Para marcar a data, o Comitê Impulsionador da Marcha Nacional das Mulheres Negras em Alagoas convida a população para prestigiar a Exposição Lélia Gonzalez – O Feminismo Negro no Palco da História, nesse sábado (25.07) às 16h, no Museu da Imagem e do Som (MISA), no bairro histórico de Jaraguá em Maceió. 

Na mesa de abertura, terá a participação de Vanda Menezes (Comitê Impulsor da Marcha de Mulheres Negras), Antonia Ceva (Coordenadora de Pesquisa da Rede de Desenvolvimento Humano - REDEH) e Maria Aparecida Batista de Oliveira (Coordenadora do Núcleo Temático Mulher e Cidadania – UFAL); também terá a exibição do vídeo documentário sobre Lélia Gonzalez – ativista negra, pesquisadora e professora universitária; em seguida, o debate sobre “As contribuições de Lélia Gonzalez para o movimento de mulheres negras contemporâneas”, com a facilitadora Dulce Pereira, feminista, ambientalista negra e professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP-MG). 

O evento também visa contribuir para a mobilização para a Marcha Nacional, que acontecerá no dia 18 de novembro, em Brasília. Participe das discussões!


Fonte: Coluna Axé - 351ª edição – Jornal Tribuna Independente (21 a 27/07/15) / Cojira-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 14 de julho de 2015

Sinapir 2015

O Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial foi instituído pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010) e regulamentado em 2013, como forma de organização e de articulação do conjunto de políticas e serviços destinados a superar as desigualdades raciais no Brasil. 

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), lançou no início desse mês uma chamada pública para seleção de projetos que contribuam para a implementação do Sinapir em todo o país. Ao todo, serão destinados R$ 4.576.713,00 para três áreas de financiamento: fortalecimento dos órgãos de promoção da igualdade racial; e apoio a políticas públicas de ação afirmativa e para comunidades tradicionais. 

A inscrição deve ser realizada no site do Siconv (www.convenios.gov.br/portal/) e segue até o dia 31 de julho, e podem participar órgãos da administração pública direta (estados, municípios e DF) e consórcios públicos com atuação voltada ao enfrentamento do racismo e à promoção da igualdade racial. 

O requisito primordial na adesão no Sinapir, é a existência de órgãos e conselhos voltados para a promoção da igualdade racial em âmbito local, e ainda, modalidades de gestão (básica, intermediária e plena) cuja diferenciação está na capacidade de gestão do órgão de promoção da igualdade racial local. Até o dia 30 abril de 2015, foram registrados 197 órgãos e 106 conselhos em todo o país, entre municipais, estaduais e federais. 

Infelizmente, o Estado de Alagoas, apesar de ter o Conepir, ainda vivencia a ausência da Diretoria ou Superintendência de Igualdade Racial na Secretaria de Estado da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos. Até quando esse atraso permanecerá? Alagoas, continuará sem receber os recursos públicos? 


(Com informações da Ascom Seppir)

Fonte: Coluna Axé – 350ª edição – Jornal Tribuna Independente (14 a 20/07/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com



domingo, 12 de julho de 2015

Trilha sonora - fim de semana (11 e 12.07.15)

Jogue suas mãos para o céu, e agradeça se acaso tiver alguém, que você gostaria que estivesse sempre com você.

 

sábado, 11 de julho de 2015

Master de natação

Depois dos 30, a gente inventa de ser "atleta", de ser mais feliz e ter qualidade de vida. 

E quando o nosso espírito estar bem, a gente passa a testar todas as limitações, sentir novos desejos, buscar diversos horizontes... A gente começa a observar a vida com outros olhos, com menos culpa e cobranças, o mais importante é a superação e a diversão.

Nesse sábado(11.07) pela manhã, a Federação Aquática do Estado de Alagoas (FAEAL) promoveu o Interacademias Master de Natação (2015). E pela primeira vez, estive em uma competição de natação na piscina. 

Participei da categoria 30+ em três provas: nos 50m livre, foram quatro competidoras e fiquei em terceiro; nos 50m peito, o desafio foi com apenas uma colega da Academia Nadart e ela foi bem mais rápida, onde me restou apenas a prata e um palmo de língua do lado de fora (risos); e de última hora, fui encaixada em uma equipe de revezamento misto 4x50m livre, foram cinco equipes bem diversificadas e com nível equilibrado, e o meu grupo conseguiu ficar em terceiro. 

Eu só tenho que agradecer a todos os professores e colegas de turma pelo incentivo e por mais essa experiência. São mais três medalhinhas na minha singela coleção, para satisfazer a menina baixinha e gordinha que sempre teve medo de competir, e ainda, a jornalista esportiva que ficou reprimida no passado.

Sem dúvidas, mais um dia especial, com a conquista de mais amigos e risadas constantes. Até o próximo desafio!













terça-feira, 7 de julho de 2015

O racismo escancarado

O racismo segundo o dicionário Michaelis, é: “1. Teoria que afirma a superioridade de certas raças humanas  sobre as demais. 2. Caracteres físicos, morais e intelectuais que distinguem determinada raça. 3. Ação ou qualidade de indivíduo racista. 4. Apego à raça”. Na área da jurisprudência (ciência do Direito e da legislação), trata-se de um crime sujeito à pena de prisão, inafiançável e imprescritível. E no cenário mundial, tem se configurado como uma prática corriqueira, que atinge pessoas de várias classes sociais, formações, gênero e crença. Muitas vezes, configurado como injúria racial, as penas passam a ser brandas ou inexistentes. 

A primeira legislação brasileira com a temática da igualdade racial foi a Lei nº1.390 em 1951, conhecida como Lei Afonso Arinos, “inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou de cor”; em 1985, a Lei nº7.437 modificou o conteúdo. Também teve a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que definiu os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. 

Com o passar dos anos, as leis são atualizadas e tornam-se mais avançadas, a exemplo do Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010) destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. 

Porém, no último dia 3 de julho - Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial – mais um caso emblemático de racismo ocorreu no Brasil. Uns 50 criminosos publicaram comentários racistas na página no Facebook do Jornal Nacional direcionados à jornalista negra Maria Júlia Coutinho, como: “preta imunda”, “macaca”, “só conseguiu emprego no JN por causa das cotas” e piadas racistas. Enquanto isso, milhares de pessoas manifestaram a indignação e o repúdio aos criminosos; a Rede Globo informou através de uma nota que retirou as mensagens da página e ainda "estuda as medidas judiciais cabíveis". 

A emissora também poderia utilizar o seu grande poder de influência e cobertura, não apenas para mostrar a solidariedade à funcionária, mas também, prestar um favor a toda sociedade: com a ampliação de jornalistas e apresentadores negros; diversificação das pautas, denunciando outros casos de racismo e os efeitos nocivos na psique e formação de indivíduos; elevar a autoestima da população negra com uma programação que represente a diversidade étnicorracial, respeitando sua cultura e heranças, parar de utilizar os artistas negros(as) prioritariamente como personagens subalternos ou bandidos nas telenovelas; dentre outros. 

Infelizmente, existem outras Majus espalhadas por aí, sem qualquer apoio, sem autoestima, vítimas do sistema e da barbárie humana. A discriminação racial sempre existiu; é versátil, ocorre em qualquer local; conquista mais adeptos e amplia o seu poder de destruição. Enquanto continuar impune, haverá desrespeito, haverá guerra! A luta por igualdade tem que ser diária... racismo é crime! 


Maju
Maria Júlia Coutinho é apenas mais um alvo de ofensas racistas na Internet, porém, devido a repercussão internacional comoveu várias pessoas que aderiram à campanha midiática #somostodosmaju. Em seu perfil no Facebook, a jornalista classificou os ataques como “uma tempestade de burrice'' e informou que medidas judiciais “já estão sendo tomadas''. Também Fez um pronunciamento ao vivo na última sexta-feira(3) em pleno Jornal Nacional, com uma postura ética e firme, que rendeu a simpatia do público e várias mensagens de apoio. A competente profissional já trabalhou como repórter, mestre de cerimônias, apresentadora de telejornais na TV Cultura (SP), e há um ano, é a primeira negra na condição de “moça do tempo” no quadro de previsão meteorológica. “Minha militância é fazer meu trabalho bem feito, sem esmorecer, nem perder a serenidade. Os preconceituosos ladram, mas a caravana passa”. (Crédito da foto: Divulgação) 


Coluna Axé – 349ª edição – Jornal Tribuna Independente (07 a 13/07/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

domingo, 5 de julho de 2015