O mês de novembro que celebra a consciência negra chegou ao fim, e assim, retoma-se as dificuldades cotidianas em busca de uma sociedade justa e que respeite as diferenças étnicas. Agora, os grupos político-culturais voltam a realidade, tentando desenvolver seus projetos, em busca de apoio tanto na esfera pública como privada e ainda na luta pela visibilidade na grande mídia.
É impressionante como a temática só recebe o devido interesse nas datas significativas, como o 21 de março (Dia Internacional pela Eliminação do Racismo), 13 de maio (Dia da Abolição da Escravatura) e o 20 de novembro. O presidente Lula já afirmou que no próximo ano, o Dia da Consciência Negra e também a data que imortaliza o líder Zumbi, será feriado em todo o território nacional. Eis um grande avanço, mas muita gente esquece que esse tipo de consciência deve ser em todos os dias. Esquece também a ampliação dos casos de intolerância religiosa; os casos de racismo, que normalmente são arquivados; o genocídio dos jovens negros; e que muitas pessoas são ridicularizas e humilhadas por causa da cor da pele nos mais diversos ambientes, principalmente, no local do trabalho.
Aproveito o momento para comentar nesse espaço, um caso revoltante que tomei conhecimento, peço que tentem visualizar a cena. Eram dois homens negros descendendo uma ladeira de Maceió, o famoso “Ladeirão do óleo” entre os bairros do Jacintinho e Cruz das Almas, e que possui várias grotas nas adjacências. Os dois carregavam um portão de ferro, uma viatura da polícia militar fazia a sua ronda normalmente e parou os jovens. Primeiro perguntou-se de quem era o portão, já que suspeitava-se que seria roubado e consequentemente vendido para a compra de drogas. Eles alegaram que era de um parente, onde estava reformando a casa e trocou o portão; desconfiados com a resposta, os policiais solicitaram a nota fiscal e com a ausência do documento disseram que os jovens teriam que subir até o local para comprovar. Além disso, reforçaram: “Vocês vão ter que provar realmente que esse portão não é roubado, e se ele for, pode ter certeza que vocês vão apanhar tanto até ficarem brancos”.
Fiquei sabendo desse acontecimento informalmente, por uma pessoa que também descia a pé e ouviu o preconceito velado – detalhe importante, aconteceu há menos de um mês. Bom, a polícia deve garantir a ordem e dar o mesmo tratamento para qualquer cidadão suspeito, independente do local que mora e a cor da pele, no entanto, o que ocorreu nesse caso foi o total abuso de poder e racismo institucional.
Encerro esse editorial com um dos famosos e mais revoltantes ditados populares: “Negro parado é suspeito, negro correndo é ladrão”. Até quando, negro será associado a bandido? Fica aqui a reflexão, cadê a nossa consciência negra? Enfim, vamos continuar a reivindicação por igualdade e respeito, sempre! Axé!
Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (01.12.09)
É impressionante como a temática só recebe o devido interesse nas datas significativas, como o 21 de março (Dia Internacional pela Eliminação do Racismo), 13 de maio (Dia da Abolição da Escravatura) e o 20 de novembro. O presidente Lula já afirmou que no próximo ano, o Dia da Consciência Negra e também a data que imortaliza o líder Zumbi, será feriado em todo o território nacional. Eis um grande avanço, mas muita gente esquece que esse tipo de consciência deve ser em todos os dias. Esquece também a ampliação dos casos de intolerância religiosa; os casos de racismo, que normalmente são arquivados; o genocídio dos jovens negros; e que muitas pessoas são ridicularizas e humilhadas por causa da cor da pele nos mais diversos ambientes, principalmente, no local do trabalho.
Aproveito o momento para comentar nesse espaço, um caso revoltante que tomei conhecimento, peço que tentem visualizar a cena. Eram dois homens negros descendendo uma ladeira de Maceió, o famoso “Ladeirão do óleo” entre os bairros do Jacintinho e Cruz das Almas, e que possui várias grotas nas adjacências. Os dois carregavam um portão de ferro, uma viatura da polícia militar fazia a sua ronda normalmente e parou os jovens. Primeiro perguntou-se de quem era o portão, já que suspeitava-se que seria roubado e consequentemente vendido para a compra de drogas. Eles alegaram que era de um parente, onde estava reformando a casa e trocou o portão; desconfiados com a resposta, os policiais solicitaram a nota fiscal e com a ausência do documento disseram que os jovens teriam que subir até o local para comprovar. Além disso, reforçaram: “Vocês vão ter que provar realmente que esse portão não é roubado, e se ele for, pode ter certeza que vocês vão apanhar tanto até ficarem brancos”.
Fiquei sabendo desse acontecimento informalmente, por uma pessoa que também descia a pé e ouviu o preconceito velado – detalhe importante, aconteceu há menos de um mês. Bom, a polícia deve garantir a ordem e dar o mesmo tratamento para qualquer cidadão suspeito, independente do local que mora e a cor da pele, no entanto, o que ocorreu nesse caso foi o total abuso de poder e racismo institucional.
Encerro esse editorial com um dos famosos e mais revoltantes ditados populares: “Negro parado é suspeito, negro correndo é ladrão”. Até quando, negro será associado a bandido? Fica aqui a reflexão, cadê a nossa consciência negra? Enfim, vamos continuar a reivindicação por igualdade e respeito, sempre! Axé!
Fonte: Coluna Axé - Tribuna Independente (01.12.09)
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