Algumas imagens tiradas de 27 de abril a 1º de maio, na estadia em Vitória (ES) durante a 15ª Assembleia Geral dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) e o passeio de carro pelas cidades vizinhas até o Aeroporto.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Discurso da vereadora Fátima Santiago na sessão afro
Foto: Lia Melo |
A médica ginecologista e vereadora Fátima Santiago (PP) que também é filiada aos Agentes de Pastoral Negros do Brasil discursou na Câmara Municipal de Maceió no dia 25 de maio. Na ocasião, enalteceu o Dia da África, os avanços das questões étnicorraciais no Brasil e os 30 anos dos APNs. Leia o discurso na íntegra:
BOM DIA!
QUERO DÁ AS BOAS VINDAS A TODOS E TODAS, REVERENCIANDO A MÃE ÁFRICA CITANDO UM TRECHO DE UMA MÚSICA.
"SOU DE LÁ, DE ÁFRICA! SE EU NÃO SOU DE LÁ, OS MEUS PAIS SÃO DE LÁ. SOU DE LÁ, DE ÁFRICA! SE EU NÃO SOU DE LÁ, OS MEUSAVÓS SÃO DE LÁ. SOU DE LÁ, DE ÁFRICA! SE EU NÃO SOU DE LÁ, OS MEUS ANCESTRAIS SÃO DE LÁ.” E EU DE FATO, SOU DE LÁ!
ESSE É UM CÂNTICO AFRO DE DOMÍNIO POPULAR, QUE TIVE A FELICIDADE DE CONHECER EM UM DOS ENCONTROS DOS AGENTES DE PASTORAL NEGROS DO BRASIL (APNs), ENTIDADE NACIONAL DO MOVIMENTO NEGRO QUE NO PRÓXIMO ANO COMPLETARÁ 30 ANOS DE EXISTÊNCIA E É UMA DAS HOMENAGEADAS NESSA MANHÃ.
HOJE, 25 DE MAIO, É O DIA DA ÁFRICA OU DIA DE LIBERTAÇÃO DA ÁFRICA, QUE FOI INSTITUÍDO EM 1972 PELA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). A DATA SIMBOLIZA A LUTA E O COMBATE DOS POVOS DO CONTINENTE AFRICANO PELA SUA INDEPENDÊNCIA E EMANCIPAÇÃO, VISANDO UM FUTURO MELHOR, TANTO SOCIAL, QUANTO ECONOMICAMENTE PARA AS NOVAS GERAÇÕES.
NA MINHA OPINIÃO, ESSA DATA TAMBÉM DEVERIA SER VALORIZADA PELA POPULAÇÃO BRASILEIRA, QUE POSSUI 50,3% DE AFRO-DESCENDENTES, OU SEJA, NEGROS E PARDOS. E AINDA SER CELEBRADA NAS ESCOLAS DEVIDO A FORTE INTERLIGAÇÃO EXISTENTE ENTRE O BRASIL E O CONTINENTE AFRICANO. A HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA ESTAR PRESENTE NA CULINÁRIA, NA GINGA, RITMO MUSICAL, DANÇAS, NAS PALAVRAS E ATÉ NO JEITO ALEGRE DE SER. TUDO IMPREGNADO E QUE MUITA GENTE FAZ QUESTÃO DE ESQUECER.
O PERÍODO ESCRAVOCRATA DEIXOU RESQUÍCIOS DA OPRESSÃO, PRECONCEITO E A CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE QUE ATÉ HOJE SÃO IMPOSTOS AO POVO NEGRO. PORÉM, OS VALORES ENSINADOS PELOS GUERREIROS QUILOMBOLAS, ÍNDIOS E BRANCOS QUE CONSTRUÍRAM O QUILOMBO DOS PALMARES SÃO AINDA MAIS FORTES E REFLETEM A LUTA COTIDIANA EM BUSCA DE RESPEITO, LIBERDADE, OPORTUNIDADES IGUAIS E JUSTIÇA.
NESSA MANHÃ, A CÂMARA MUNICIPAL DE MACEIÓ HOMENAGEA HOMENS E MULHERES DAS MAIS DIVERSAS ORIGENS, FORMAÇÕES E ESFERAS SOCIAIS QUE ESTÃO SENDO RECONHECIDOS POR SUA ABNEGAÇÃO NOS TRABALHOS VOLTADOS ÀS QUESTÕES ÉTNICORRACIAIS E NA DEFESA DE POLÍTICAS PÚBLICAS QUE DIGNIFICAM A POPULAÇÃO AFRO-ALAGOANA, ESPECIALMENTE, NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ.
E AQUI, DESTACO A PROFESSORA CLARA SUASSUNA PELO COMPETENTE TRABALHO A FRENTE DO NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS. UMA PERNAMBUCANA QUE TEM CONTRIBUÍDO NO DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS, CAPACITAÇÕES, PRESERVAÇÃO E RESGATE HISTÓRICO DA MEMÓRIA AFRO-CULTURAL DE ALAGOAS. TAMBÉM, O ARTISTA E COREÓGRAFO EDU PASSOS, UM MINEIRO ERRADICADO EM ALAGOAS HÁ 27 ANOS, QUE FOI UM DOS PRECURSORES DA DANÇA-AFRO COMO ESPETACULARIDADE. E AINDA MÃE VERA, UMA MULHER SIMPLES E GUERREIRA, QUE TEM INVESTIDO NA VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFRO E NO RESPEITO ÀS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS, ALÉM DE MUDAR O DESTINO DE MUITOS JOVENS DA PERIFERIA.
CERTAMENTE, ESSE É UM DIA ESPECIAL PARA AGRADECERMOS A TODOS QUE DEVOTAM SUAS VIDAS NO COMBATE AO RACISMO, INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E OUTRAS FORMAS DE PRECONCEITO. E AINDA CELEBRARMOS AS CONQUISTAS DO POVO AFRO-BRASILEIRO COMO A LEI CAÓ 7.716/1989, QUE COMBATE A PRÁTICA DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL; A LEI 10.639/2003, QUE IMPLANTA A HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NO CURRÍCULO ESCOLAR; O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL; A APROVAÇÃO NO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) DA POLÍTICA DE COTAS ÉTNICORRACIAIS NO ENSINO SUPERIOR; O COMBATE DO RACISMO INSTITUCIONAL E NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
O POVO NEGRO TEM O SEU VALOR, MERECE SER RESPEITADO E DEVE CONTINUAR GUALGANDO POR SEUS ESPAÇOS E GARANTIR A AFIRMAÇÃO DE SEUS DIREITOS. VAMOS EM FRENTE E SEGUINDO O EXEMPLO DO GRANDE LÍDER NELSON MANDELA, QUE PASSOU 27 ANOS NA PRISÃO RESISTINDO E LUTANDO POR SEUS IDEAIS DE IGUALDADE QUE SE EXPANDIRAM MUNDO AFORA.
RELEMBRO UM POEMA DECLARADO POR ELE:
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
por minha alma indomável
Sob as garras cruéis das circunstâncias
eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas continua erguida
Mais além deste lugar de lágrimas e ira,
Jazem os horrores da sombra.
Mas a ameaça dos anos,
Me encontra e me encontrará, sem medo.
Não importa quão estreito o portão
Quão repleta de castigo a sentença,
Eu sou o senhor de meu destino
Eu sou o capitão de minha alma.
MUITO OBRIGADA!
Discurso da Vereadora Tereza Nelma na sessão afro
Foto: Lia Melo |
Homenagem às personalidades negras - Vereadora
Tereza Nelma (25.05.12)
Meus amigos e minhas amigas
Começo citando dois
líderes negros: um que nasceu e cresceu no país mais rico do mundo. O outro que
viveu e sofreu num país africano. Um foi assassinado por suas ideias e ações
pelo bem. O outro foi condenado à prisão perpétua, mas o povo o libertou e o
transformou num nos maiores líderes da humanidade.
Que identidade haveria
entre essas duas pessoas criadas em realidades sócio-econômicas tão diferentes?
É que nesses países, os Estados Unidos da América e África do Sul,
desenvolveu-se, durante um longo período, o apartheid mais feroz, odioso e desumano
da história, contra os negros e as negras.
Por isso, o pastor
norte-americano Martin Luther King, mesmo conhecendo e vivendo sob a dura
discriminação capitalista, aconselhava: “devemos aprender a conviver juntos
como irmãos ou pereceremos juntos como tolos”.
Essa verdade é tão
forte que lá no outro lado do mundo, na pobreza africana, produzida por séculos
de cruel colonialismo, Nelson Mandela chegaria a conclusão idêntica. Ainda que as
grades da prisão tenham consumido sua juventude, ele alertava ao tornar-se
presidente da República: “Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão
que foram feitos para viverem como irmãos”.
Eu poderia citar também
o exemplo de Dandara, essa guerreira negra, companheira de
Zumbi dos Palmares e mãe de seus três filhos, que se
suicidou depois de presa, para não voltar à condição de escrava.
Poderia falar sobre a justa luta dos negros e das negras
brasileiras, nos quilombos ou na resistência social e cultural, por esse Brasil
afora, até chegar à nossa Alagoas. Infelizmente, a luta pelo fim da escravidão
ainda não acabou na sociedade, ainda que a Constituição proíba qualquer
discriminação. E essa insistência na exploração do trabalho humano vem de
longe.
Por exemplo: pouco
tempo depois de proclamado o fim da escravidão, o Império passou a importar da
Europa milhares de camponeses e camponesas, atirados na miséria pelo
desenvolvimento capitalista. Esses italianos, alemães e outros não chegavam ao
Brasil trazidos por nenhum sentimento humanitário. Ao contrário, os grandes
fazendeiros e oligarcas visavam formar um segmento de classe média branca na
área rural para impedir a ascensão do negro.
Mas eu não estou aqui
hoje para dar uma aula de história sobre essa luta de ascensão social. E quem
sou eu para me atrever nesse caminho, diante de tantos especialistas. Quero só
enfatizar o sofrimento presente em toda resistência social que desafia a
dominação. Os indicadores de hoje mostram que os negros ainda são maioria entre
os miseráveis e os pobres, além de receber os piores salários. No entanto, pelo
menos em um dos aspectos centrais, essa luta negra derrotou o cerne mais cruel
da ideologia racista. Na época da escravidão chegava-se a questionar se o
negro, o escravo, tinha alma. Depois, se tinha inteligência.
A homenagem que faço
hoje a essas grandes lideranças negras que contribuem com o desenvolvimento de
Alagoas me dispensam de citar o êxito de negros e negras nos esportes, na
música, nas artes, na produção do conhecimento. O apartheid foi derrotado
politicamente. A Constituição de 1988 e a legislação decorrente garantiram
grandes avanços na luta contra o racismo. E, além disso, abriram espaços para a
formação de uma imensa pluralidade de organizações civis de lutas pelos
direitos dos negros e por sua afirmação étnica e cultural.
No entanto, repito, não
sou ingênua a ponto de não reconhecer as imensas barreiras que ainda existem
para o acesso dos negros em outros setores. A política é um deles.
Vejam a micro-história dessa
nossa Câmara Municipal. Na terra de Zumbi é preciso ter coragem para dizer que
é preciso aumentar a representatividade negra, em todos os poderes, com tudo
que isso implica. Aqui, nessa Câmara o preto dos ternos ou dos vestidos superam
em muito a simples representação numérica de negros. Não precisamos de cor, mas
de gente representativa.
Há os que ironizam as
homenagens prestadas por essa Câmara de Vereadores. Não compartilho desse
cinismo. O pensamento dominante usa, como uma pedagogia eficiente, apresentar na
sociedade seus representantes como exemplo. Como venho de uma família pobre,
trabalhando contra todas as discriminações e pela inclusão das pessoas que mais
precisam quero homenagear aqueles que lutam para construir uma sociedade
melhor. Aquela sociedade defendida por Luther King e Mandela, onde todos se
reconheçam irmãos e irmãs.
Assim, vou falar de uma
dúzia dessas pessoas da melhor qualidade humana. Peço licença, se houver algum
preto véio participando aqui, para começar pelas mulheres, essas Dandaras
contemporâneas.
Alí está a Socorro. Ou
melhor a Maria Socorro França da Silva Rocha, casada, com uma filha. Essa
enfrentou a batalha política pelo lado mais difícil. Comunista do PCB, chegou a
ser candidata a deputada estadual, fundou o Sindicato dos Enfermeiros, esteve
na criação e participou de várias organizações de defesa das mulheres –
inclusive das negras e daquelas que vivem no sertão. Seu nome já indica: ela é
o Socorro que precisamos, sempre solidário, ao nosso lado.
Mas se dissermos
solidariedade, como esquecer essa negra bonita, corajosa, forte, a Elizete
Santos. Ex-militante do PT e do PSB, sempre esteve nas manifestações de rua
contra a corrupção, candidatou-se, ajudou a fundar sindicatos e ainda dirigiu,
com grande carinho, a cidade dos menores da antiga FEBEM. Foi presidenta da
Associação das Mulheres Negras. E, o que é mais importante, Elizete, mesmo
indignada às vezes, nunca deixou de apoiar seus companheiros e companheiras.
A Eulina Ferreira Silva
Neta Rêgo, alagoana corajosa, mãe quatro vezes, preside o Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos da Mulher. A Eulina ingressou na Polícia Civil, mas nunca
fez da repressão grosseira sua principal atividade. Por isso participou de
vários cursos como Atendimento às Mulheres Vítimas da Violência, Liberdade e
Orientação Sexual, Legalização do Aborto, Combate à Violência Intrafamiliar. No
Conselho Municipal, coordenou a elaboração do Mapeamento da Rede de
Enfrentamento à Violência contra a Mulher em Maceió.
Outra profissional
exemplar é a Ângela Maria Benedita Bahia de Brito, graduada em Meteorologia
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Além de suas atividades
específicas na UFAL, ela tem uma ampla participação como dirigente do Núcleo de
Estudos Afro-Brasileiros, além de cursos sobre a realidade da população negra.
Isso sem contar seus envolventes projetos de pesquisas. Por exemplo, cito o “Estudo
sobre a vulnerabilidade da população negra ao HIV/AIDS e a busca por prevenções
em comunidades remanescentes quilombolas”. Tem ainda o interessante “Vozes
Femininas – ampliar a inclusão feminina na política de Alagoas”.
Tenho ainda aqui uma
parceira de projetos, que é a competente jornalista Valdice Gomes, a segunda presidenta
e a primeira negra a dirigir o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de
Alagoas. Além de ser diretora da Federação Nacional de Jornalistas, a Valdice integra,
também, a Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial. Em Alagoas
ela trabalhou com assessora em várias secretarias, municipais e de Estado, e em
órgãos importantes de informação. Ainda faz parte do Centro de Estudos Étnicos
Anajô, vinculada aos agentes de Pastoral Negra do Brasil.
Foto: Lia Melo |
Outra jornalista
atuante, que conheço desde estudante, é a Helciane Angélica Santos Pereira. Ela
começou como a filha do Helcias, mas ganhou luz própria, participando da Comissão
de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) editando a Coluna
Axé da Tribuna Independente, ou recebendo prêmios por sua atuação jornalístca.
Desde a época de estudante, Helciane é ativista do movimento, seja no Centro de
Cultura e Estudos Étnicos Anajô, onde já foi presidente, ou entre os Agentes de
Pastoral Negros do Brasil (APNs).
Como mãe, acho que
sempre gostaríamos de ter os filhos ao nosso lado, quando construímos nossos
sonhos. Por isso, os olhos do Helcias Pereira brilham ao lado de sua Helciane.
E também, certamente, a filha tem muito orgulho desse pai que desde os 15 anos
se integrou na luta social – seja na vida sindical ou nas associações.
É um orgulho
homenagear, com a Comenda Zumbi dos Palmares, esses novos Zumbis da inclusão
social dos negros.
Falo primeiro das
impressões digitais de Helcias, que estão nítidas no movimento negro, na
fundação do Mocambo Anajô, no fortalecimento dos Agentes de Pastoral Negros do
Brasil, ou na criação da Coordenação de Entidades Negras de Alagoas, sem contar
o Projeto 300 anos de Zumbi. Se eu quisesse resumir com mais emoção, diria que
Helcias é arte-educador e um dos mais eficientes agitadores e realizadores
sociais e culturais da causa negra em Alagoas.
O Igbonan Rocha, esse
baiano que adotou Alagoas, vai numa linha semelhante, ligada às artes,
principalmente à música. Já montou shows diversos, como o “40 anos fluindo
naturalmente”, gravou CDs e anda soltando sua bela voz por aí, em vários
locais, para nosso prazer. Junto com a Wilma Araújo, ele esteve à frente do
projeto Clube do Samba.
Já o Severino Claudio
de Figueiredo Leite, técnico em contabilidade e licenciado em Educação Física,
abraçou outro aspecto da cultura negra. Entre suas realizações está o Projeto
Abraço à Serra, no Dia da Consciência Negra além da dedicação à capoeira – que
usou para incluir na sociedade meninos de rua, até chegar, também, na Europa,
na Suiça. Atualmente é mestre, entre outros, dos grupos Berimbau Sagrado e
Quilombo Por do Sol dos Palmares.
O Célio Rodrigues dos
Santos é formado em história e lecionou no curso de Pedagogia da UFAL durante
16 anos. É um participante ativo em encontros regionais e nacionais, e preside
atualmente o Núcleo de Cultura Afro Brasileira Lya Ogun-Tê. Dedicando-se à
religião, o professor Célio conseguiu transformar a Casa de Axé na primeira ONG
religiosa alagoana, em 1984. É uma entidade filantrópica e a primeira a
organizar um site. Por seu trabalho ele já recebeu o prêmio Renildo de Direitos
Humanos do Movimento GLBT, além da Comenda mérito Palmares do Estado de
Alagoas.
O Allex Sander Porfirio
de Souza percorre outro caminho, mas com o mesmo destino de ascensão social.
Economista, professor de Matemática e especialista em gestão de empreendimentos
turísticos, tem projetos originais, como o Pérola Negra Brasileira, que analisa
a história e a importância das lutas do povo negro. Conheça e se orgulhe, diz o
Allex, com sua extensa experiência profissional.
Quem quiser conhecer a
história do movimento negro também não poderá deixar de examinar as publicações
e as pesquisas do professor Zezito Araújo. Já na conclusão de sua graduação no
curso de História ele discutia o “Mito da Democracia Racial como forma de
controle social em Alagoas”. Sua dissertação de mestrado tratou do “Carrasco,
comunidade remanescente de Quilombo em Alagoas”. O professor Zezito, além de
estudioso da África e orientador de trabalhos de alunos, é um militante
político e grande organizador de eventos sobre direitos humanos da cidadania
afro-brasileira.
Quem abre outros
caminhos é o professor Jorge Luis de Souza Riscado, doutorando em saúde pública
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, estudando “Saúde, raça/cor,
homens, sexualidade, DST/AIDS e drogas em comunidades remanescentes de
quilombolas em Alagoas”. Em seu mestrado ele apresentou a dissertação sobre “AIDS,
prevenção e prontidão profissional”. O professor Riscado tem um currículo rico,
com ações de extensão de conhecimento, pesquisas e apresentação de trabalhos em
congressos, seminários e encontros. Publicou artigos, capítulos de livros,
organizou publicações e entre seus livros, cito “Ocupando espaço: homens
comportamento sexual de homens que fazem sexo com homens”, e “Quilombolas:
guerreiros alagoanos, aids, prevenção e vulnerabilidade”.
Mas antes de encerrar
essas apresentações de personalidades que somam tantas contribuições para
compor o perfil de uma nova sociedade, quero me desculpar pela síntese. Tive
que reduzir a menos de meia dúzia de folhas uma dezena de currículos, alguns
deles com mais de 30 páginas. Meu propósito foi de ressaltar que nós podemos
dar outro rumo à sociedade.
E vou encerrar como iniciei, recorrendo ao
exemplo de Luther King, que alertava: “Aprendemos a voar como os pássaros, a
nadar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos juntos como
irmãos”.
A isso Mandela, o Madiva do povo, esse
quilombola contemporâneo e internacional, ensina: "Ninguém nasce odiando
outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, também
podem ser ensinadas a amar”.
É
isso que eu venho tentando dizer desde o início, esta é a síntese que consigo
extrair da rica diversidade de cada um de Vocês. Muito obrigado por tudo o que
Vocês fizeram e vêm fazendo. Vocês nos tornam mais irmãos e irmãs. Eu amo essa
bela construção que vocês estão erguendo para uma nova sociedade.
Muito
obrigada.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Mobilização nacional
Ativistas de dezessete redes e organizações de diversos estados do Brasil (AL, BA, DF, MT, PB, PR, RJ, SP) realizam ontem (28.05), a Mobilização pela promoção dos direitos das mulheres e redução da morte materna. A ação marcou o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em todo o mundo, cerca de 536 mil mulheres e meninas morrem por ano de complicações relacionadas à gestação e ao parto, isto é, são mais de 1.400 mortes por dia. E no Brasil, a morte materna é uma das dez principais causas de óbito entre mulheres de 10 a 49 anos, e 90% dessas mortes poderiam ser evitadas com informação e atendimento adequado. Segundo a professora Angela Bahia, “a mortalidade materna não é apenas um dado estatístico.Tem nome, rosto e história, atinge muitas mulheres pobres e negras. E em Alagoas,os índices são altíssimos. É preciso garantir o acesso universal à informação, ações e serviços de saúde principalmente sexual e reprodutiva”, destacou.
A mobilização nacional pela Promoção dos Direitos das Mulheres e Redução da Morte Materna é realizada desde 2009, contou este ano com atividades diversas como: seminários, oficinas, rodas de conversas e debates até a organização de marchas com distribuição de materiais relacionados aos temas. Em Alagoas, teve distribuição de material informativo e preservativos no Calçadão do Comércio em Maceió. Foi uma realização do Fundo de População das Nações Unidas e contou com a parceria do Núcleo de Estudos Afro Brasileiro da Universidade Federal de Alagoas (Neab-Ufal); Programa UNIVERSIDAIDS; Secretaria de Estado da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos; Secretaria de Estado da Saúde; Instituto Zumbi dos Palmares; e da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL). Outras informações: reducaomortematerna@gmail.com / 9912-9171 (Professora Angela Brito).
Mulheres
A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) recebe até a próxima quinta-feira (31.05), as propostas para financiamento de projetos relacionados ao enfrentamento da violência contra as mulheres e à promoção da autonomia. As propostas devem observar o valor mínimo de R$ 100 mil para os serviços comuns e de R$ 250 mil para as obras e serviços de engenharia. Após o encerramento dos editais, os projetos serão analisados por uma comissão técnica, de acordo com a política traçada no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e estabelecida no Plano Plurianual 2012/2015. Acesse: www.spm.gov.br.
Fonte: Coluna Axé - nº222 - jornal Tribuna Independente. (29.05.12)
sábado, 26 de maio de 2012
Homenagem de niver
Minha irmã!
Irmã de alma,
Irmã porque assim decidimos ser.
Sabes o quão intensamente estamos ligadas uma a outra
Porque assim decidimos ser.
Diferentemente dos laços familiares sanguíneos somos irmãs pela paixão e também, contrariamente, pela razão
Porque assim decidimos ser.
Bendito o dia que entrou em minha vida.
Bendito as pessoas que me trouxeram você.
E como irmã te desejo o melhor do mundo,
O melhor impregnado de luta, sabedoria e aprendizado pois é isso que nos faz evoluir e nos tornarmos seres melhores.
Feliz Vida minha neguinha!
Parabéns pelo seu dia!
Sabes que sempre estarei aqui para você
Pois assim decidi ser.
Te amo!
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Amo, amo, amo muitoooooooooooo!!! Minha irmã de coração, alma, luz e essência. Obrigada por fazer parte da minha vida, ser minha cúmplice, conselheira, que dar bronca, que dar colo e tem a palavra certa nos momentos certos. Obrigada Edisangela!!!
sexta-feira, 25 de maio de 2012
É hoje, entrega da Comenda Dandara
É hojeeeeeee!!!! Tenho a honra de estar entre os(as) 18 homenageados(as) dessa manhã na Câmara Municipal de Maceió, com as comendas Dandara e Zumbi dos Palmares.
Receberei da vereadora Tereza Nelma a comenda Dandara (Decreto Legislativo nº 454, de 17 de novembro de 2009) – deve ser concedida a instituições públicas e privadas, nacionais e locais, assim como a personalidades, inclusive in memorian, em reconhecimento à sua significativa contribuição nas ações relativas a luta pela Diversidade Étnicorracial no âmbito do município de Maceió.
Trata-se de um momento muito especial, para pessoas de várias origens, competentes em suas profissões e que são exemplos na luta pela igualdade racial no Estado de Alagoas, especialmente, no município de Maceió!
Eis um grande incentivo para permanecermos na luta e, também, um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Com certeza, é um belo presente de aniversário.
Axé!
terça-feira, 22 de maio de 2012
Sessão afro
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Foto: Site Alagoas 24h |
As honrarias são concedidas às personalidades, ativistas e instituições que tenham significativa contribuição nas ações relativas à luta pela diversidade étnicorracial no âmbito do município de Maceió e, que tenham se destacado na luta pelo fim da discriminação cultural, racial e de cor sofrida pelos negros. A comenda Dandara será entregue para: Ângela Maria Benedita Bahia de Brito, Meteorologista e especialista em Ecologia e Meio Ambiente; Clara Suassuna Fernandes, Professora pesquisadora e Historiadora; Eduardo Xavier dos Passos (Edu Passos), Coreógrafo; Elizete dos Santos, Auxiliar de enfermagem; Eulina Ferreira Silva Neta Rego, Policial Civil; Helciane Angélica Santos Pereira, Jornalista; Maria Socorro de França da Silva Rocha, Enfermeira Padrão; Valdice Gomes da Silva, Jornalista; e a Ialorixá, Veronildes Rodrigues da Silva (Mãe Vera).
Já a Comenda Zumbi dos Palmares, receberão: Allex Sander Porfírio de Souza, Professor e Economista; Carlos Martins, Professor pesquisador e Sociólogo; Célio Rodrigues dos Santos (Pai Célio), Historiador e Babalorixá; Helcias Roberto Paulino Pereira; Arte-Educador; Igbonan Rocha, Cantor e Produtor Cultural; Jorge Luiz de Souza Riscado, Professor Mestre e Psicólogo; Severino Claudio de Figueiredo Leite (Mestre Claudio), Professor de Educação Física e Mestre de Capoeira; Zezito Araújo, Professor pesquisador, Arqueólogo e Historiador; e a Associação Cultural Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), entidade nacional do movimento negro que existe há 29 anos, e estar presente em doze estados brasileiros.
Essas homenagens foram aprovadas nos anos de 2010, 2011 e 2012, e serão entregues na data que comemora o Dia da África ou Dia de Libertação da África, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972. A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) sente-se orgulhosa em ter duas integrantes nessa ilustre lista, de pessoas tão competentes em suas profissões, que são referências na valorização das questões étnicorraciais e/ou no movimento negro. Parabéns a todos e todas, que continuem sendo exemplos e firmes na luta!
Moção
Na terça-feira passada, também na Câmara Municipal de Maceió, foi aprovada por unanimidade uma moção de congratulações à Coluna Axé que há quatro anos é publicada semanalmente no jornal Tribuna Independente. O requerimento foi apresentado pela vereadora Fátima Santiago (PP) e comentada pelas vereadoras Tereza Nelma (PSDB) e Heloísa Helena (Psol), que parabenizaram o trabalho desenvolvido pela Cojira-AL/Sindjornal e ainda pediram para subscrever o requerimento. Agradecemos o incentivo!
Fonte: Coluna Axé - nº201 - Jornal Tribuna Independente (22.05.12)
sábado, 19 de maio de 2012
Trilha sonora - Fim de semana (19 e 20.05.12)
A minha lista já foi atualizada faz tempo! A vida é um eterno ciclo, temos que valorizar as antigas amizades sempre, mas, abrir os horizontes para conhecer pessoas e culturas novas é bem melhor.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
Coluna Axé completa quatro anos em Alagoas
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Helciane Angélica destacando o papel da Cojira no Congresso Estadual de Jornalistas em Alagoas (Foto: Adriana Cirqueira - 2010) |
É com muita honra que a Comissão de Jornalistas
pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL), vinculada ao Sindicato dos
Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) informa que a Coluna Axé chegou a edição de nº200 e no
último domingo (13.05), completou quatro anos de instalação na mídia alagoana.
É editada de forma voluntária por Helciane Angélica Santos Pereira:
jornalista diplomada há cinco anos pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal),
membro-fundadora da Cojira-AL, integrante do Centro de Cultura e Estudos
Étnicos Anajô e Coordenadora Nacional de Comunicação e Mobilização dos Agentes
Pastoral Negros do Brasil (APNs).
Desde o dia 13 de maio de 2008, é publicada
semanalmente no Jornal Tribuna Independente/Cooperativa dos Jornalistas e
Gráficos do Estado de Alagoas (Jorgraf) ocupando meia página no formato stand e
é composta por: editorial, notas informativas, curtas e fotos. Busca promover a
consciência étnica e aborda a temática afro nos mais diversos setores, como:
educação, cultura, religião, política, esporte, entretenimento, etc.
O veículo representa um grande avanço na mídia
alagoana, assim como, proporciona a divulgação das atividades dos segmentos
afros, políticas públicas nas questões étnicorraciais, além de denunciar casos
de racismo e intolerância religiosa. Também contribui diretamente para a
auto-estima da população afro-alagoana e visa desconstruir os estereótipos
destinados às pessoas de pele negra, assim como, sensibilizar os profissionais
da comunicação sobre a não-utilização de termos racistas na mídia, a exemplo
de: “lista negra”, “línguas negras”, “fase negra”, “magia negra”, “mercado
negro”, “a coisa tá preta”, “buraco negro” (sem conotação científica), “samba
do crioulo doido”, dentre outros.
Na verdade, a Coluna Axé exalta durante todo ano
que o povo negro quer liberdade e respeito até os dias atuais. Pois,
infelizmente, o 13 de maio que é uma data emblemática no Brasil devido a
possível libertação das negras e negros escravizados no Período Colonial
(Abolição da Escravatura), é apenas mais um dia para ampliar as discussões e
reflexões. Vida longa a essa importante iniciativa que é a Coluna Axé, pois “a
felicidade do negro, é uma felicidade guerreira”.
Fonte: Cojira-AL/Sindjornal
domingo, 13 de maio de 2012
sábado, 12 de maio de 2012
Trilha sonora - Fim de semana (12 e 13.05.12)
O amor é o encontro das águas ... renovação todos os dias!
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Prêmio Abdias Nascimento – 2ª edição
Com informações da Assessoria de Comunicação
Nessa quinta-feira (10.05), a Comissão de
Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), anunciará oficialmente a
abertura da segunda edição do concurso e lançará em mais uma capital, o
catálogo do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento.
O evento iniciará às 10 horas, e ocorrerá no auditório do Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, e terá a participação
do jornalista Heraldo Pereira, que virá especialmente de Brasília
para um bate-papo com jornalistas e convidados sobre “A questão negra e a
imprensa no Brasil”.
A programação inclui ainda a exibição do
vídeo-documentário com os melhores momentos de 2011 e a performance do ator
José Araújo numa homenagem especial a Abdias Nascimento – ex-senador, pintor,
escritor, poeta, dramaturgo e jornalista – ícone
no combate ao racismo no país, que faleceu em maio do ano passado aos 97 anos.
O Prêmio oferecerá R$ 35 mil distribuídos em sete categorias: Mídia Impressa,
Televisão, Rádio; Mídia Alternativa ou Comunitária, Fotografia, Internet, e
Especial de Gênero. E para a felicidade dos jornalistas, o prazo de inscrição
foi ampliado: “inicialmente, anunciamos que o prazo terminaria em 30 de abril
de 2012. Decidimos ampliar para que mais jornalistas tenham a oportunidade de
produzir reportagens que atendam aos critérios exigidos pelo prêmio. A partir
de agora, as matérias publicadas entre 1º de maio de 2011 até 31 de julho de
2012 podem concorrer”, explica Angélica Basthi, coordenadora do projeto.
Trata-se de uma
iniciativa da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio),
vinculada Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de
Janeiro (SJPMRJ). E conta com o apoio da Federação Nacional de Jornalistas
(Fenaj), do Centro de Informações das Nações Unidas (ONU) e do Instituto de
Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro). O patrocínio é da Fundação
Ford, Fundação W. K. Kellogg e da Oi. Saiba mais no site
oficial: premioabdiasnascimento@gmail.com.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Bastidores: Assembleia Nacional dos APNs
No período de 27 a 30 de abril de 2012, estive em Vitória (ES) participando do seminário “Razões, Desafios e Expectativas para os 30 anos dos APNs” e da 15ª Assembleia Geral e Eletiva dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs).
A delegação alagoana foi representada por quatro membros, todos vinculado ao Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô (Mocambo Anajô).
Mais uma vez, os alagoanos tiveram uma forte atuação, com intervenções e ainda ajudou em várias atividades: Allex Sander Porfírio defendeu o projeto de inclusão das discussões GLBT na Comissão Permanente de Relação de Gênero; Helcias Pereira contribuiu como palestrante em uma das mesas do Seminário sobre os 30 anos e atividades na mística; Valdice Gomes foi uma das integrantes da Comissão Eleitoral; Helciane Angélica, tirou fotos e ajudou na atualização das redes sociais dos APNs.
Confira algumas imagens.
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