As comemorações do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra foram bem diversificadas no Estado de Alagoas, aliás, as atividades não se concentraram apenas no dia 20 de novembro, foram distribuídas em todo o mês: nas universidades, escolas, espaços públicos, casas de axé e nas sedes dos grupos sócio-culturais espalhados em vários municípios (Maceió, União dos Palmares, Arapiraca e Viçosa).
O evento Saruê Palmares – saudação de origem bantu, que significa “Os nossos respeitos a Palmares” – promovido pela Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) / Prefeitura de Maceió entrou para a história. Há pelo menos 10 anos, não tinha uma programação afro com vários grupos na Praça dos Palmares localizada no Centro de Maceió. Foi um dia de muitos encontros e reencontros de ativistas, e ainda, teve exposição, oficinas, comercialização de produtos e apresentações (dança afro, banda afro, maracatu, afoxé, grupos percussivos, teatro, capoeira, reggae).
A Serra da Barriga foi tomada por um “formigueiro humano”, visitantes das localidades mais diversas que enfrentaram chuva, neblina e sol forte. Instituições de ensino levaram turmas inteiras de estudantes para sentir o axé desse Monumento Nacional que exala história e cultura. Os religiosos de matrizes africanas fizeram seu cortejo e homenagens aos ancestrais. Capoeiristas disputavam cada espaço do solo sagrado para mostrar a sua ginga e amor pelo Patrimônio Nacional Cultural. E no palco, os repetitivos discursos antecederam a posse dos membros do Comitê Gestor do Parque Memorial Quilombo dos Palmares e as apresentações artísticas.
Porém, não podemos destacar que o problema de infraestrutura ainda é degradante, a água continua faltando no platô e a reforma dos espaços contemplativos não foi concluída; a estrada de acesso estava péssima e com a grande quantidade de veículos e a lama, ficou perigoso transitar com veículos e centenas de pessoas das mais diversas idades subiram 5km a pé. Outro ponto que merece crítica, é que muitos grupos alagoanos ficaram de fora da programação devido a uma exigência de vários documentos e burocracia excessiva da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura às vésperas do evento.
Bom, ficamos a perguntar, quando teremos uma celebração digna? A riqueza histórica e a diversidade afro-cultural em Alagoas precisa ser mais valorizada pelas autoridades e a sociedade, e, a consciência negra tem que ser todo dia! Axé!
Fonte: Coluna Axé - 275ª edição – Jornal Tribuna Independente (26/11 a 02/12/2013)
Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com
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