terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Saúde e direitos

Em uma sessão histórica do ponto de vista da luta por políticas de promoção da igualdade racial em Alagoas, o Conselho Estadual de Saúde (CES) aprovou, na última quinta-feira (17.12), a criação do Comitê Técnico Alagoano de Saúde da População Negra no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

O comitê será paritário, com participação da sociedade civil, e terá como atribuições, propor, elaborar, acompanhar, fiscalizar e apoiar a implantação da política Estadual de Atenção Integral à Saúde da População Negra, articulando ações e trabalho das áreas voltadas a este segmento populacional em consonância com o Plano Estadual de Saúde e legislação específica vigente. Também será papel do comitê, sistematizar propostas de políticas e planos que visem à promoção da equidade étnicorracial na atenção à saúde.

O comitê nacional já existe no âmbito do Ministério da Saúde, e este recomenda que Estados e Municípios também instituam seus comitês. No entanto, a proposta de criação do comitê em Alagoas partiu de profissionais ligados a pesquisa sobre saúde da população negra da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com apoio do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir).

Durante a reunião do CES, tanto o professor Jorge Riscado, da Faculdade de Medicina da Ufal e membro do Comitê Nacional, quanto a presidenta do Conepir, Valdice Gomes, usaram como argumentos para mostrar a necessidade de criação do comitê, o fato de que aproximadamente 67% da população alagoana é constituída de pretos e pardos, portanto, considerada negra pelo IBGE. Bem como, dados que comprovam que os negros tem agravos mais prevalentes de Hipertensão Arterial, Doença Falciforme, Glaucoma, Diabetes Mellitus entre outros.

Além disso, a maioria da população negra sofre de racismo e racismo institucional e estes são determinantes sociais de saúde, porque estão nas periferias, favelas, lixões e, portanto, sem saneamento básico, destinação adequada de lixo, água encanada, etc. Em relação às mulheres brancas, as mulheres negras em Alagoas, morrem 10 vezes mais por gestação, parto e puerpério e, entre elas por eclâmpsia, hipertensão arterial durante a gestação, causa evitável. As mulheres quilombolas, tem entre 04 a 05 consultas pré-natais, muito aquém, quando o limite é de 08 consultas e, o ideal, seria de 14 consultas pré-natais.

Também foi levada em consideração, a necessidade de integração das ações e políticas da Sesau e articulação destas com o controle social, movimentos sociais negros, movimento social de remanescentes de quilombo, de comunidades tradicionais de matriz africana e as demais instâncias do SUS, no que tange ao acesso e qualidade da atenção à saúde da população negra e combate ao racismo institucional. Cabe agora à Sesau publicar portaria e garantir no orçamento os recursos para funcionamento do comitê.

Fonte: Coluna Axé – 372ª edição – Jornal Tribuna Independente (22 a 28/12/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Um prêmio, um reconhecimento

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) foi criada em maio de 1996, em Bom Jesus da Lapa (BA). A instituição foi uma das agraciadas com o Prêmio Direitos Humanos 2015, na categoria Garantia dos Direitos da População Indígena, Quilombolas e dos Povos e Comunidades Tradicionais.

A cerimônia da 21ª edição ocorreu na sexta-feira passada (11.12), no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), trata-se da mais alta condecoração às pessoas e instituições que se destacam na defesa, na promoção e no enfrentamento às violações dos Direitos Humanos em nosso país.

A CONAQ possui representantes de comunidades remanescentes de quilombo de 25 estados da federação, tem como objetivos: lutar pela garantia do direito à terra; combater toda e qualquer discriminação racial e intolerância religiosa; lutar pela implantação de projetos de desenvolvimento sustentável das comunidades; pela preservação dos costumes, da cultura e da tradição entre as gerações das populações quilombolas; proposição; zelar pela garantia dos direitos da saúde, educação infantil, básica e superior, moradias dignas dos quilombolas; dentre outras demandas.

Com atuação marcante no Conselho Nacional de Políticas de Igualdade Racial (CNPIR) tem contribuído para o protagonismo político quilombola e no diálogo com demais movimentos sociais; além de defender a efetivação de políticas públicas levando em consideração a organização pré-existente das comunidades de quilombo, tais como o uso comum (coletivo) da terra e dos recursos naturais, sua história e cultura em harmonia com o meio ambiente. 

Também teve participação efetiva na construção do Decreto 4887/2003, que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.

Ao todo, foram 18 categorias no Prêmio de Direitos Humanos, e também, destacamos as homenagens para: Rad Assis Brasil Ugarte/SP (Promoção e Respeito à Diversidade Religiosa); a Escola de Educação Básica Coronel Antônio Lehmkuhl – Projeto Expressão de Gênero da infância à juventude e Faces da Homofobia/SC (Garantia dos Direitos da População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT); Silvana do Amaral Verissimo/SP (Igualdade Racial) e Rede Thydêwá/BA (Autonomia das Mulheres).

Que o trabalho continue e seja fortalecido! Axé! 


Fonte: Coluna Axé – 371ª edição – Jornal Tribuna Independente (15 a 21/12/15) / Cojira-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

domingo, 13 de dezembro de 2015

Trilha sonora - fim de semana (12 e 13.12.15)


Tradução: Conserte Meu Coração

Não me deixe com toda essa dor
Não me deixe aqui fora na chuva
Volte e traga de volta o meu sorriso
Venha e jogue essas lágrimas bem longe
Eu preciso dos seus braços para me abraçar agora
As noites são tão cruéis
Traga de volta noites quando eu tinha você aqui ao meu lado

(chorus)
Conserte meu coração
Diga que me amará novamente
Desfaça essa dor que você provocou
Quando você saiu por aquela porta
E saiu de minha vida
Enxugue as lágrimas
Que chorei tantas noites
Refaça meu coração, Meu coração

Volte atrás naquele triste "adeus"
Traga de volta a alegria em minha vida
Não me deixe aqui com estas lágrimas
Venha com seus beijos fazer esta dor passar
Não consigo esquecer o dia que você se foi
O tempo é tão insensível
E a vida é tão cruel sem você aqui ao meu lado
(repetição)

Ohh, oh
Não me deixe com toda essa dor
Não me deixe aqui fora na chuva
Traga de volta a noite quando eu tinha você aqui do meu lado
(repetição)

Conserte meu
Conserte meu coração, oh baby
Venha e diga de volta que você me ama
Refaça meu coração
Meu doce querido
Sem você não consigo mais viver...
Consigo mais viver...


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Fé, tradição e cultura



Nessa terça-feira, 08 de dezembro, é o Dia de Nossa Senhora da Imaculada da Conceição em todo o Brasil e no sincretismo religioso Dia de Iemanjá em Alagoas. 

Com a aprovação da Lei Estadual nº 7.384, de 12 de julho de 2012, foi instituído no calendário oficial o Dia de Resistência da Religiosidade Afro Brasileira – Dia de Iemanjá. Porém, apesar do pedido de perdão governamental ao Quebra de Xangô de 1912 – episódio nefasto de violência e intolerância, com vários terreiros invadidos e depredados, onde muitos religiosos(as) tiveram que fugir e esconder sua fé; o preconceito e o desejo de abafar os tambores continuam eminentes.

Na semana passada, foi preciso a intervenção do Ministério Público Estadual e projeção na mídia alagoana, para dar visibilidade ao impasse quanto a utilização de uma praça que envolvia dois eventos: a Festa das Águas (religiosos de matrizes africanas) e o Show Maceió de Joelhos (grupo evangélico). Foi preciso, a realização de um ato público no Fórum Estadual para mostrar à sociedade que não era apenas uma briga por espaço, e sim, a reivindicação pelo direto constitucional à liberdade de culto e o respeito às manifestações afroculturais que ocorrem há décadas.

A ação contou com o apoio do Padre Manoel Henrique, e ainda, da Aliança de Batistas do Brasil representada pela Igreja Batista do Pinheiro e sua Pastoral da Negritude, que emitiu nota pública sobre episódio no MPE: “(...) Não concordamos é que a oração se transforme em desculpa para a prática da intolerância, querendo por este pretexto ocupar o espaço tradicional de outras religiões. Desta forma manifestamo-nos a favor de uma postura de paz, justiça, amor, graça e entendimento, que produza o testemunho de evangelho de Jesus de Nazaré que preza pela harmonia em detrimento do espírito de beligerância”.

Após várias audiências, o impasse foi solucionado, e durante toda essa terça-feira(08.12), caravanas de religiosos de matrizes africanas de casas de axé de várias nações, prestarão suas homenagens com oferendas à Iemanjá, cânticos e danças. Na Praça Multieventos localizada na Praia de Pajuçara em Maceió, a programação cultural iniciará às 10h, com uma grande roda de capoeira do Grupo Muzenza, organizada pelo Contra Mestre Carlinhos Muzenza e o Mestre Girafa.

A partir das 14h, em frente ao Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB) – Rua São Pedro, nº10, Village Campestre 2 – terá a concentração para a carreata em alusão ao combate da intolerância religiosa, que percorrerá as principais ruas da capital alagoana e o destino final será na Praça Multieventos.

Durante todo o dia, representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL) e do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONEPIR-AL) estarão com uma tenda montada na praça, para repassar orientações e recolher denúncias referentes ao crime de racismo e intolerância religiosa. E ainda, terá a coleta de assinaturas para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) transforme a Festa de Iemanjá em patrimônio imaterial em Alagoas.

O dia 08 de dezembro não é uma data qualquer, é mais um dia reflexão e valorização do pertencimento étnico. E a luta por respeito continua!


Festa das Águas
Hoje, a partir das 13h, na Praça Multieventos em Maceió, terá a oitava edição do evento Festa das Águas. Terá a apresentação da banda Afro Zumbi, Civilização Negra (Escola de Samba Girassol), Orquestra de Tambores de Alagoas, Afoxé Odô Iyá (Casa de Iemanjá), Coletivo AfroCaeté, Afro Afoxé, Rogério Dyas e a Trincheira, Segura o Coco, Afoxé Ofaomin (Ilê Axé Ofaomin), Afoxé Oju Omin Omorewá, Maracatu Raízes da Tradição (Abassá de Angola de Oyá Igbalé), Grupo Maracatodos, Ara Funfun Omanjerê (Inaê/Grupo União Espírita Santa Bárbara), Afoxé Povo de Exu (Ilê Axé Legionirê Nito Xoroquê) e Roda de Samba coordenado pelos religiosos de matriz africana. Esse é um momento de celebração, integração e fortalecimento da cultura afroalagoana. Prestigie!


Iemanjá
Odoyá! Iemanjá é a divindade nas religiões Candomblé e Umbanda, popularmente conhecida, é tida como a mãe de quase todos os orixás: ancestrais divinizados africanos que correspondem a pontos de força da natureza e os seus arquétipos. Iemanjá é o orixá das águas doces e salgadas, regente absoluta dos lares, além de ser a protetora dos pescadores e jangadeiros. No Brasil, recebe diferentes nomes: Dandalunda, Inaê, Ísis, Janaína, Marabô, Maria, Mucunã, Princesa de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sereia do Mar, etc. E no sincretismo religioso, corresponde à Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria. Independente de qual seja a sua crença, respeite!


Fonte: Coluna Axé – 370ª edição – Jornal Tribuna Independente (08 a 14/12/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

Crédito da foto: Ilustração


domingo, 6 de dezembro de 2015

Troféu Renaldo Malta 2015

Nesse domingo(06.12.15), a Federação Aquática do Estado de Alagoas (FAEAL) promoveu mais uma importante edição do Troféu Renaldo Malta em Maceió.

Nesse ano, foi a quarta vez que participei de uma travessia no mar e conquistei mais duas medalhas para a coleção. Porém, o mais importante é concluir a prova; é mesmo exausta, espalhar sorrisos, e saber que posso sempre me superar. Agradeço a grande força divina por me conceder saúde, determinação e o controle do nervosismo.

Obrigada a tod@s: mainha que mesmo em casa fica rezando para correr tudo bem; painho, o fotógrafo oficial; os professores da Academia Nadart Fênix; namorado e amigos pelo incentivo.










 
 

 

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Respeito à religião afro

O dia 08 de dezembro em Maceió é um dia de luta e reflexão. Caravanas de religiosos de matrizes africanas de várias casas de axé homenageiam e prestam oferendas à Iemanjá, a grande mãe e senhora das águas. Iemanjá é um nome derivado de três outras palavras do dialeto africano iorubá: yèyé (mãe), omo (filha) e ejá (peixe). É o orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, é a matriarca do panteão afro sagrado.

A data também é estratégica para promover a reflexão da sociedade sobre o direto constitucional pela liberdade de culto, o combate à intolerância religiosa e a luta pelo respeito às manifestações afroculturais.

Nessa data, terá uma carreata pelas principais ruas da capital alagoana. A concentração será às 14h, em frente ao Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB) – Rua São Pedro, nº10, Village Campestre 2 – com destino final na Praça Multieventos. Os interessados em participar ou obter mais informações sobre a carreata, entrar em contato pelo número (82) 99627-5966.

Na praça localizada na praia da Pajuçara em Maceió, a partir das 13h, terá a Festa das Águas. A programação que valoriza a história e cultura afroalagoana terá a apresentação com a banda afro Zumbi, Civilização Negra (Escola de Samba Girassol), Orquestra de Tambores de Alagoas, Afoxé Odô Iyá (Casa de Iemanjá), Coletivo AfroCaeté, Xirê - Ilê Axé Legionirê Nito Xoroquê, Afro Afoxé, Rogério Dyas e a Trincheira, Segura o Coco, Afoxé Ofaomin (Ilê Axé Ofaomin), Afoxé Oju Omin Omorewá, Maracatu Raízes da Tradição (Abassá de Angola de Oyá Igbalé), Maracatodos, Ara Funfun/ Inaê (Grupo União Espírita Santa Bárbara), Afoxé Povo de Exu (Ilê Axé Legionirê Nito Xoroquê), e uma grande Roda de Samba coordenado pelos religiosos de matriz africana.

Esse é um momento de celebração, em respeito à ancestralidade e onde deve ser propagado a paz! Axé!


Fonte: Coluna Axé – 369ª edição – Jornal Tribuna Independente (01 a 07/12/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com