terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Centenário do Quebra de Xangô



Por: Helciane Angélica - Com informações da Assessoria de Comunicação


A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) dar o ponta-pé inicial para a celebração do Centenário do Quebra de Xangô nos dias 01 e 02 de fevereiro, com a abertura do projeto “Xangô Rezado Alto”, que busca homenagear a memória dos nossos ancestrais e todos aqueles que resistem ao preconceito e a intolerância religiosa.

O Quebra de Xangô realizado em 1912, foi um dos episódios mais tenebrosos no Estado de Alagoas, onde uma milícia armada denominada Liga dos Republicanos Combatentes destruiu terreiros e perseguiu várias pessoas adeptas de religiões de matriz africana. Com essa situação, muitos se sentiram obrigados a abandonar sua cidade e foram para outros estados, para continuar difundido a cultura em estados como Pernambuco e Bahia.

De acordo com a Assessoria de Comunicação do projeto, a ideia surgiu de uma série de fatos e ações desenvolvidas por seguidores, populares, estudiosos e admiradores da cultura afro em Alagoas, como os professores universitários Edson Bezerra, Rachel Rocha, Clébio Araújo e do saudoso Marcial Lima, quando estava a frente da Fundação Municipal de Ação Cultural em meados dos anos 2000. Outros dois movimentos lembrando o episódio ocorreram em 2006 e 2007, com a participação popular, mas ainda com pouca força.

O projeto iniciará nessa quarta-feira (01.02) com um cortejo popular, que sairá a partir das 14h da Praça D. Pedro II (Praça da Assembleia Legislativa) em direção à Praça dos Martírios. Estarão reunidos babalorixás, yalorixás, ogãs, artistas, grupos, admiradores e populares que juntos sairão, vestidos de branco, Também participarão desse momento vários grupos afro-culturais: Coletivo Afro-Caeté; do Boi Alegria (Zona Sul); do Boi da Liga de Bois de Maceió; do Maracatu Axé Zumbi; do Baque Alagoano; do Afoxé Odo Iyá; Aye Iorubá, do Projeto Inaê e da Escola de Samba Girassol.

As ações continuarão até maio deste ano e está previsto a produção de uma cartilha “Gira da Tradição” com informações sobre as nações de matrizes africanas; o Congresso Afro Brasileiro em Alagoas; oficinas de tradições afrobrasileiras; a exposição Presença Negra em Alagoas; o Seminário “Políticas afirmativas para a comunidade afrodescendente”; e o Encontro “Ogãs, Ekêdes e os Tambores Falantes”.

Conta com recursos do Fundo Nacional de Cultura, e a parceria das Federações e Comunidades Terreiros de Alagoas, Articulação da Cultura Popular e Afroalagoana, Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, Secretaria de Estado da Educação, IPHAN, IHGAL, Iteral, Cesmac, IZP, Braskem e da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL). Confira outras informações no blog: www.xangorezadoalto.blogspot.com.


Perdão
Para marcar o centenário do "Quebra de Xangô", o Governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, assinará o pedido oficial de perdão do Governo de Alagoas a todas às comunidades de terreiros e ao povo alagoano, pelas atrocidades ocorridas no dia 1º de fevereiro de 1912. A ação acontecerá amanhã (01.02) às 17h30, na Praça dos Martírios, Centro de Maceió. Para Clébio Araújo, Vice-Reitor da Uneal e Coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) dessa instituição, esse é um momento emblemático porque também mexe com a memória do povo do axé: “É o momento de admitir um erro histórico nesse Estado e o prejuízo causado a essas comunidades e, também, a necessidade de reconhecer que precisa-se investir em políticas públicas”, ressaltou. Que sirva de exemplo para o país!

Apresentações
A programação cultural na Noite do Xangô Rezado Alto, na Praça dos Martírios, iniciará às 18h na quarta-feira, com a apresentação do grupo Guerreiros Quilombolas (Hip Hop) e o Afoxé Oju Omim Omorewá. Logo após, sobe ao palco Wilma Araújo com o show “70 anos de Clara Nunes”; e depois tem o cantor Igbonan Rocha com o show “Coisa de Nêgo”, com participação especial da Escola de Samba Girassol. Em seguida, tem Orquestra de Tambores e a banda Vibrações. Já na quinta-feira (02), a partir das 17h30, terá a Banda afro Gifá Lomin, grupo Malungos do Ilê, Maracatu Raiz da Tradição, Projeto INAÊ, Guerreiro Vencedor Alagoano (Mestre Juvenal), Afoxé Odô Iyá; o cantor Jurandir Bozo traz o show “Pros pés”, com participação dos grupos de coco de roda “Xique-Xique”, do Jacintinho e “Pau-de-Arara”, da Pitanguinha. A noite será encerrada com a musicalidade da sambista Mariene de Castro.

Atração nacional
A cantora baiana Mariene de Castro vem a Maceió pela primeira vez apresentando seu show "Santo de Casa". Comprometida com a valorização da cultura popular e da religiosidade, utiliza no seu repertório: samba de roda, da marujada aos ternos de reis, do repente ao ijexá, passando pelo coco, maracatu e ciranda. Ela canta desde os treze anos, iniciou sua carreira como vocal de apoio para Timbalada, Carlinhos Brown e Márcia Freire. Tem dois CDs gravados – Abre Caminho (2004) e Santo de Casa (2010) – e um DVD gravado ao vivo. Saiba mais: www.marienedecastro.com.br.


Fonte: Coluna Axé - nº187 - Jornal Tribuna Independente (31.01.2012)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cojira-AL realiza reunião de planejamento para 2012

Texto: Helciane Angélica (Cojira-AL) / Fotos: Allexsander Porfírio (cortesia)


No dia 21 de janeiro, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal), integrantes da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas se reuniram para avaliar as ações executadas no ano passado e fazer o planejamento para 2012.

Na discussão, foram destaques a importante atuação no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), vinculado a Seppir, onde a Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira/Fenaj) que tem como representante titular Valdice Gomes (Cojira-AL) e na suplência Sionei Leão (Cojira-DF); a participação no Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI), que ocorreu em novembro na cidade de Salvador (BA); a articulação do curso gratuito de Gênero, Raça e Etnia para Jornalistas, onde Maceió foi uma das sedes; além da divulgação do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento e participação no lançamento da Campanha de Autodeclaração Racial e Étnica – “Jornalista de verdade assume a sua identidade!”.

Dentre os principais encaminhamentos para esse ano, estiveram: celebrar os quatro anos da Coluna Axé; promover a integração com jornalistas e acadêmicos através do Sarau da Cojira; realizar um seminário sobre “Mídia e intolerância religiosa” como parte integrante das ações do centenário do “Quebra de Xangô”; produzir uma cartilha sobre as questões étnicosrraciais, além de garantir a publicação da 3ª edição do encarte afro “Axé Especial”, no jornal Tribuna Independente.

Estiveram presentes na reunião as jornalistas Emanuelle Vanderlei, Helciane Angélica e Valdice Gomes, e o acadêmico de jornalismo, Domingos Intchalá. A próxima reunião foi agendada para o dia 03 de março, a partir das 9h, na sede do Sindjornal.

Visita

Na ocasião, também, teve a visita do Coordenador Nacional dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), Nuno Coelho (de blusa branca), que elogiou a atuação da Cojira-AL na divulgação das ações do movimento negro e o desafio de sensibilizar os profissionais da área.

A Cojira não tem o papel apenas de pautar os veículos de comunicação, para mim, tem o papel maior de capacitar os jornalistas, de contribuir para a comunicação inter-pessoal para a consciência social, ideológica, política no processo de vivência, independente de ser militante”, destacou.

Nuno sugeriu a realização do intercâmbio com Universidades e a produção de artigos sobre as questões étnicorraciais, além disso, aproveitou para mencionar o seu interesse de ter a parceria na celebração dos 30 anos da entidade nacional, cujas atividades ocorrerão de 13 a 17 de março de 2013, nas cidades de Maceió e União dos Palmares. “A Cojira de Alagoas, terá um papel fundamental na discussão da pauta, não só de prestigiar o evento [30 anos dos APNs], e sim, capacitar profissionais de comunicação para essa consciência e motivação”.

sábado, 28 de janeiro de 2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

CONVITE: Xangô Rezado Alto

Vamos celebrar a memória dos nossos ancestrais, além de fortalecer a luta no combate da intolerância religiosa. O Quebra de Xangô foi um dos episódios mais nefastos existentes na história do Estado de Alagoas, onde pessoas foram perseguidas devido as suas crenças religiosas e vários terreiros foram destruídos. As hostilidades continuam até hoje, e é preciso unir as forças em busca de respeito e amor ao próximo. 

Confira a programação do projeto "Xangô Rezado Alto" no blog: www.xangorezadoalto.blogspot.com.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E os haitianos . . .

A situação do Haiti – país mais pobre das Américas – continua deplorável! 

No último dia 12 de janeiro, completou-se dois anos que ocorreu o devastador terremoto que matou cerca de 300.000 pessoas, deixou milhares de feridos e um rastro de destruição. Cansados de conviver com o sofrimento, a miséria, doenças, a falta de emprego e os problemas quanto à infraestrutura, centenas de haitianos estão saindo do país em busca de uma vida melhor. Porém, muitos deles terminam utilizando rotas ilegais, intermediadas por coiotes (atravessadores) e estão se concentrando nas cidades amazônicas fronteiriças que, também, não possuem condições de abrigá-los.

Os governos estaduais têm reclamado do caos social provocado pela imigração, a exemplo do município de Brasileia (AC) – na fronteira com a Bolívia – que tinha aproximadamente 21 mil habitantes, e hoje, ainda possui 1000 haitianos. O Ministério da Justiça também está preocupado com a situação migratória de haitianos no Brasil, cujo número estimado pelo governo encontra-se em 4 mil pessoas. Foi apresentada uma proposta para o Conselho Nacional de Imigração (Cnig), que seria de garantir a regularização desses haitianos, além de receber a autorização de residência e o direito para morar e trabalhar aqui. Também irá restringir para 100, o número mensal de vistos a serem concedidos pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. E quem chegar sem documentos após a resolução corre o risco de ser deportado.

O ministro da MJ, José Eduardo Cardozo, prometeu ajuda a essas cidades e “reforçar a fiscalização de fronteira em parceria com Peru, Equador e Bolívia, para atacar a rota ilícita de imigração”. Enquanto isso... no Haiti, as ações para reerguer o país continuam árduas: “Nós tivemos um ano de transição da fase humanitária para a fase de recuperação e reconstrução”, disse Rebeca Grynspan, Administradora Adjunta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O PNUD ajudou a criar 300 mil vagas temporárias de trabalho desde o terremoto, organizando as pessoas para realizar atividades como remoção de entulhos, coleta de lixo e reforçando a prevenção e a redução do risco de catástrofes. Cerca de 40% dos trabalhos temporários foram ocupados por mulheres.

Também encontra-se em andamento o projeto de cooperação firmado entre Brasil, Haiti e Cuba, através do PNUD Brasil, que prevê a construção de hospitais e centros de atendimento, além da capacitação de profissionais de saúde. As dificuldades são enormes, mas não podemos fechar os olhos para a dor desse povo, que já foi a colônia mais rica da França e um grande exportador de cana de açúcar. Também foi o primeiro país da América a ter a sua independência em 1804, uma luta conduzida por negros ex-escravos e camponeses. Força, bravos guerreiros e guerreiras!


Fonte: Coluna Axé - nº 186 - jornal Tribuna Independente (24.01.12)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Feira dos Municípios Alagoanos

De 19 a 22 de janeiro, aconteceu no Centro de Convenções de Maceió, a VI Feira de Negócios dos Municípios Alagoanos, que tem como objetivos: criar oportunidades de negócios, promover o intercâmbio entre os municípios, divulgar o estado, além de gerar emprego e renda para pequeno artesãos, empreendedores, associações e cooperativas.

Fui no sábado à tarde, com companheiros dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) e, confesso, que achei a feira desse ano morta. Os stands já foram bem mais caprichados e tinham mais produtos para serem vendidos, mesmo assim, ainda continua sendo um bom espaço para a população local e turistas conhecerem a diversidade e a beleza do Estado de Alagoas.

Confira algumas cenas que mais me chamaram a atenção ... as fotos não estão tão boas, porque foram tiradas pelo celular.

Pura verdade ... mas, é preciso de mais políticas públicas de incentivo cultural


Essa decoração na entrada ficou muito massa

Olha aí, a capoeira em palitos de fósfero ... cada peça R$20

O coordenador Nacional dos APNs, Nuno Coelho, escolhendo suas lembrancinhas

A produtora cultural e integrante do Anajô, Filomena Felix, deu até entrevista

E esse puf?! Quero lá em casa!
 
Fiquei encantada por essa dançarina no centro da foto ... uma graça de menina.
 
O stand de União dos Palmares sempre atrai um bom público


Quero um jardim vertical desse.

Nada discreto, mas adorei a fruteira.

Essa luminária também combina comigo.

Espero que a próxima seja melhor!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Contra repressão e a intolerância religiosa

Por: Helciane Angélica
Com informações da Ascom do MPE-AL e da jornalista Valdice Gomes, Cojira-AL.


Continua em discussão as críticas das lideranças do movimento negro alagoano, religiosos de matrizes africanas e grupos culturais sobre a postura da Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano e a Fundação Municipal de Ação Cultural de Maceió ao delimitar não só o horário das 7h às 17h, assim como, os trechos da orla onde poderiam ocorrer as oferendas para reverenciar Iemanjá.

Eles alegam que o município feriu o Estatuto da Igualdade Racial, que menciona o direito à liberdade de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana, inclusive a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos das respectivas religiões.

Diante dos constantes casos de intolerância religiosa, o procurador substituto do Ministério Público Estadual, Sérgio Jucá, anunciou na última terça-feira (10.01), que é intenção do órgão criar a Promotoria de Repressão ao Preconceito Racial e à Intolerância Religiosa, dentro do projeto de modernização do MP. Segundo ele, Alagoas passará a ser o segundo Estado com esse serviço, já que atualmente apenas a Bahia mantém uma promotoria com esse objetivo.

De acordo com o artigo127, da Constituição Federal de 1988, “o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.

Esperamos que essa iniciativa seja realmente cumprida, para que as denúncias de perseguições às religiões afros e outras crenças não caíam no esquecimento e na impunidade. Também, representa um avanço importantíssimo na luta pelo respeito e diálogo interreligioso, além de ter um peso ainda mais forte nesse ano, quando completa-se o centenário do “Quebra de 1912”. Axé! 


Fonte: Coluna Axé - nº185 - jornal Tribuna Independente (17.01.12)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Carta aberta dos religiosos de Matriz Africana à sociedade alagoana

No dia 08 de Dezembro de 2011, segundo as nossas tradições, uma data reservada ao culto de Iemanjá, orixá das águas, nós que fazemos parte dos cultos religiosos de matriz africana na cidade de Maceió e das casas religiosas situadas no interior do Estado, fomos surpreendidos com uma situação de profunda humilhação, quando ao chegarmos para a celebração das nossas oferendas sagradas nas praias de Jatiúca e Ponta Verde, nos deparamos tanto com um espaço de segregação física – restrito da balança do peixe até o final da praia da Pajuçara -, bem como, com a determinação de um horário restrito de celebração de nossas cerimônias, estipulado das sete horas da manhã até as 8 horas da noite. Ambas as medidas foram determinadas pela Prefeitura de Maceió, através da Fundação Cultural Cidade de Maceió, na pessoa da Sra. Paula Sarmento, e pela Secretaria Municipal de Convívio e Controle Urbano, na pessoa do Sr. Galvaci de Assis, sendo que, para a concretização de tais “medidas disciplinadoras” os citados órgãos solicitaram o apoio disciplinador e repressivo do aparato tanto da Guarda Civil Municipal, como da Polícia Militar de Alagoas.

Alagoanos, a situação a que todos nós religiosos de matriz africana fomos submetidos naquele dia foi algo vergonhoso e humilhante e, mais ainda, quando estamos na véspera de completar exatamente cem anos da Quebra de todos os terreiros de candomblé de Alagoas, ocorrido em 1912, fato que não voltou a acontecer no último dia 08 de Dezembro, em virtude da intervenção, nos bastidores, de membros do Governo do Estado junto ao comando da Polícia Militar, alertando-lhes para a flagrante violação da Constituição Federal e as possíveis conseqüências da violação.

Diante do acontecido, nós religiosos de matriz africana, descendentes de africanos escravizados, que também fazemos parte da herança da República dos Palmares e que atualmente contamos com algo em torno de 3000 casas de culto espalhados por Alagoas, não podemos ficar silenciados e humilhados diante da imensa vergonha com que nossos irmãos foram tratados no dia 08 de Dezembro, quando, ao chegarmos aos locais de realização das nossas cerimônias, fomos vigiados e monitorados por pessoas completamente alheias ao nosso universo religioso, as quais, segundo declarações à imprensa, tinham como principal objetivo “disciplinar as nossas atividades”.

Vale ressaltar, ainda, que a “medida disciplinadora” levada a cabo pela Prefeitura de Maceió, em razão de seu alheamento a respeito das nossas tradições, não levou em conta o fato de que, tanto as praias quanto as águas marinhas, para nós religiosos de matriz africana, são lugares de uma memória sagrada e, portanto, invioláveis por direito constitucional.

Então perguntamos: disciplinar o que? Disciplinar a partir de que? E com que direito estes órgãos – que deveriam cumprir o seu papel de proteger a nossa liberdade religiosa - podem se arvorar em disciplinar as nossas crenças, os nossos cantos e a nossa liberdade de expressão religiosa? Afinal, o que eles sabem de nosso Deus e o que eles entendem dos nossos Orixás e das nossas tradições?

Alagoanos de um modo geral e da cidade de Maceió em particular, o que ocorreu no dia 08 de Dezembro de 2011 não foi apenas uma violência contra as nossas tradições sagradas, mas, antes de tudo, foi uma violação da Constituição Federal e do Estatuto da Igualdade Racial, no que se refere à liberdade religiosa garantida pela Carta Magna do Brasil. E, neste sentido, ao tempo em que denunciamos este ato de intolerância religiosa, solicitamos de toda a população, através de suas instituições, um generoso esforço no sentido de divulgação da presente Carta Aberta, bem como um olhar mais atento para a importância das nossas tradições afro-alagoanas, haja vista que, o dia 02 de Fevereiro deste ano, marcará o centenário da trágica destruição dos nossos espaços sagrados, data que entrou para a história como o dia do “Quebra dos Terreiros de 1912”.


Assinam esse documento:

  • FEDERAÇÃO DOS CULTOS AFRO UMBANDISTAS DO ESTADO DE ALAGOAS,
  • CENTRO AFRO OXUM OMIN TALADÉ,
  • CENTRO AFRICANO SÃO JORGE,
  • PALÁCIO DE AIRÁ,
  • ILÊ AXÉ LEGIONIRÊ,
  • NUCAB– IYA OGUNTÉ,
  • CENTRO ESPÍRITA SÃO JORGE,
  • CENTRO AFRO BRASILEIRO OGUM DE NAGE,
  • FRETAB - FEDERAÇÃO ZELADORA DAS RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRO-BRASILEIRA EM ALAGOAS,
  • FEDERAÇÃO DOS CULTOS AFROS DE ALAGOAS,
  • ASSOCIAÇÃO CULTURAL E SOCIAL AFROBRASILEIRA OFA OMIM,
  • ABASÁ DE ANGOLA OYA BALE,
  • FEDERAÇÃO ALAGOANA ESPÍRITA CAVALEIRO DO ESPAÇO.

Com o apoio das entidades abaixo discriminadas:

UFAL,UNEAL, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL), COLETIVO AFRO CAETÉ, GUESB, ANAJÔ, NÚCLEO CULTURAL ZONA SUL MACEIÓ, CEPA QUILOMBO, FEDERAÇÃO ALAGOANA DE CAPOEIRA, ARTICULAÇÃO DE CULTURA POPULAR AFRO-CAETÉ, COJIRA-AL, DCE/UFAL.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Xangô Rezado Alto

Por: Valdice Gomes


Um projeto da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) intitulado Xangô Rezado Alto, vai marcar o centenário do “Quebra de 1912”, ato de violência contra as religiões de matriz africana, ocorrido na noite de 1º para 02 de fevereiro, quando todos os terreiros e casas de culto afro foram destruídos em Maceió.

Na última quinta-feira (05.01), lideranças das religiões afro e representantes de instituições parceiras estiveram no auditório do Espaço Cultural da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para conhecer o projeto e discutir sobre objetivos e atividades. Conforme declarou o reitor da Uneal, Jairo Campos, o projeto Xangô Rezado Alto ressalta o novo momento da Universidade Estadual, que busca uma maior aproximação com a comunidade e os movimentos sociais. Segundo Vinícius Palmeira, um dos responsáveis pelo projeto, o objetivo é dar continuidade e fortalecer o atual movimento de resgate da identidade negra alagoana, desencadeado por instituições e lideranças das comunidades de terreiro no Estado.

As atividades terão início nos dias 01 e 02 de fevereiro próximo, em celebração à memória do “Quebra de 1912”, na Praça dos Martírios, com a festa popular “Noite do Xangô Rezado Alto”. O título é uma resposta aos tempos de opressão, quando após a destruição dos terreiros e casas, os pais e mães de santo de Maceió que resistiram, realizavam seus ritos da forma que ficou conhecida como “Xangô rezado baixo”, para que os instrumentos e cânticos entoados não chamassem atenção. A intenção é resgatar a autoestima dos religiosos de matriz africana.

Até o mês de maio está prevista uma extensa programação, com a realização do Congresso Alagoano de Cultura Afrobrasileira, exposição Presença Negra em Alagoas, quatro oficinas de tradições afrobrasileiras, produção do vídeo Gira das Tradições, publicação de duas cartilhas pedagógicas e dois prêmios para produção cultural das comunidades de terreiros. A ação recebe o incentivo do Fundo Nacional de Cultura e contrapartida da Uneal, também conta com a parceria de órgãos públicos como Ufal, Iphan, Iteral, Secretarias de Estado da Educação, Cultura, Cidadania, Mulher e Direitos Humanos; Cesmac, Braskem e da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL/Sindjornal).


Fonte: Coluna Axé - nº184 - jornal Tribuna Independente (10.01.12)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Bastidores: Natal e Réveillon 2011

O meu Natal foi um tanto inusitado, fui para União dos Palmares conhecer a sogra e a enteada ... pois é, depois de tanto tempo sem namorar sério, arrumei um pacote completo. kkkkkkk Confesso, estava morrendo de medo de não ser aceita, de não gostarem de mim e também de estar sendo precipitada, afinal, tinha apenas um mês de relacionamento oficial. Mas, a pequena de cabelos cacheados e olhos verdes, me acolheu com um sorriso enorme e abraço apertado, que desmanchou o meu coração por completo. 

A Glaúcia é inteligente, criativa e espontânea... e tem que ter bastante assunto para interagir. Ela ainda conseguiu me convencer para ir ao Parque de Diversões. Meu Deus!!! Fazia tempo que não sabia o que era isso, fiquei tontinha de tanto girar em um dos brinquedos. Mas, poderia ter sido bem pior. 

E na festa do réveillon ... foi a vez do namorado Marcos vir para Maceió e conhecer a minha galera. Passei na casa da minha família paterna, com amigos e o meu irmão paraibano Emanuel, que veio para ficar de vez e estudar em Alagoas.

Que 2012, seja repleto de boas energias e mais aprendizados ... e agora, iniciando mais uma chance para o amor, principalmente, à vida!

A princesa dos cachinhos dourados 
  
Olha a galerinha dela

Juro, fiquei tonta ... se tivesse jantado, a comida tinha ido embora. kkkk

No bate-bate eu passo vergonha, então, não fui!

Glaúcia e o paizão dela

Meu bem: Marcos

Meu irmão caçulinha

Emanuel e minha amiga-irmã Marcélia

2012 ... mais um ano de desafios!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ano novo . . . vida nova?

Por: Helciane Angélica - Cojira/AL


Mais um ano se inicia e com ele vem o desejo de dias melhores. É o momento para planejarmos as novas metas e projetos, assim como, refletirmos sobre as nossas ações e avaliarmos o que passou. No ano de 2011 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o “Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes”, e teve como intuito redobrar os esforços em todo o mundo na luta contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e outras formas de intolerância que afetam as pessoas de ascendência africana em toda parte. Mas, a luta continua e deve ser contínua!

Para relembrar os principais momentos deste ano histórico, a Assessoria de Comunicação da Fundação Cultural Palmares sistematizou a Retrospectiva 2011 (mês a mês), e disponibilizou no site www.palmares.gov.br os links das principais notícias e pesquisas voltadas aos interesses da população afro-descendente ocorridos no Brasil e no Mundo, destacando-se: Representação de Alagoas comemora seu primeiro ano de vida; É lançada frente parlamentar em defesa dos direitos quilombolas; “Fiscais da cidadania” intensificam o combate a atos de discriminação na internet; África do Sul se integra ao grupo de países emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China (BRICs); Pesquisa mapeia casos de intolerância religiosa ocorridos no Brasil; 1° ano do Estatuto da Igualdade Racial; Aumenta representatividade negra no Congresso Nacional; Dilma Rousseff sanciona dia 20 como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra; entre outros.

Já a Ministra Luiza Bairros, em uma entrevista exclusiva concedida ao Portal Áfricas, no mês passado, fez uma avaliação de seu primeiro ano a frente da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir): “Avalio positivamente. Nossa principal preocupação, fortalecida inclusive pelo novo modelo de elaboração do Plano Plurianual 2012-2015, tem sido a de intensificar o trabalho articulado com os demais ministérios. Neste processo, foi criado o Programa Enfrentamento ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial e asseguramos metas, objetivos ou iniciativas em 18 programas do PPA 2012-2015. Além disso, este ano lançamos a campanha Igualdade racial é pra valer e, a partir dela, conseguimos envolver outras instituições e órgãos federais que até então tinham uma participação ainda pequena nesta agenda. Internamente, boa parte de nossa energia foi utilizada para estabelecer mecanismos que favoreçam a transparência de procedimentos administrativos e de liberação de recursos, essenciais na relação com parceiros governamentais e no apoio a organizações da sociedade civil”, declarou.

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL) deseja que 2012 seja espetacular em vários setores, que tenhamos mais motivos para sorrir, muito axé (força e paz) e respeito entre todos e todas!


Fonte: Coluna Axé - nº183 - jornal Tribuna Independente (03.01.12)