terça-feira, 29 de março de 2016

A violência perpetua...

No dia 22 de março, foi apresentado no Rio de Janeiro o Atlas da Violência 2016, uma iniciativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Os dados foram analisados e explicados por Daniel Cerqueira, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto, onde concluíram que, além de uma tragédia social, os dados são uma tragédia econômica, em razão dos impactos causados no setor público, nas empresas e nas famílias.

De acordo com o site oficial do IPEA, o estudo analisou o perfil das vítimas de violência no Brasil com informações específicas por região, UFs, microrregiões, gênero e idade; além da evolução dos homicídios em decorrência de armas de fogo, por violência policial. 

O Brasil apresenta uma das 12 maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes, em comparação com uma lista de 154 países; sendo o Nordeste e Sul, as regiões que enfrentam maior crescimento na taxa de homicídios. Em 2014, foi atingido o recorde com 59.627 mortes e a quantidade de homicídios registrados no Brasil, que coloca o país no topo do ranking em números absolutos de mortes dessa natureza. Outro aspecto abordado na Nota Técnica foi a violência contra a mulher: entre 2004 e 2014, a taxa de homicídios desse tipo registrou aumento de 11,6% e em 2014, o número absoluto chegou a quase 5 mil mortes. 

Ao analisar a população afrodescendente, o estudo mostra que aos 21 anos de idade, quando há o pico das chances de uma pessoa sofrer homicídio no Brasil, pretos e pardos possuem 147% a mais de chances de serem vitimados por homicídios, em relação a indivíduos brancos, orientais e indígenas (não negros). Entre 2004 e 2014, a taxa de homicídio de afrodescendentes subiu 18,2%, enquanto a de não-negros caiu 14,6%. E o Estado de Alagoas teve a maior taxa de homicídios de homens jovens em 2014 (270,3); para cada não negro que sofreu homicídio em Alagoas, em média 10,6 negros eram assassinados.

No entanto, esses dados não causam surpresa... não basta ter o registro das estatísticas, é preciso maior engajamento para elucidar os crimes e maior investimento de políticas públicas que possam prevenir a adesão de crianças e adolescentes na criminalidade. Infelizmente, estamos caminhando para uma geração destruída e um futuro perdido! (Com informações do portal: http://www.ipea.gov.br)


Fonte: Coluna Axé – 384ª edição – Jornal Tribuna Independente (29/03 a 04/04/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 22 de março de 2016

IBP – 46 anos de história!

A Igreja Batista do Pinheiro (IBP) completou ontem(21.03), 46 anos de fundação e organização em Maceió. Tem como missão "Formar discípulos de Jesus Cristo, exercitar a comunhão e a justiça social”; e a visão institucional “Ser uma igreja missionária, distribuída em pequenos grupos, trabalhando de acordo com os seus dons, ajudando-os mutuamente e a comunidade em que está inserida, através da ação social”.

Para celebrar a data, terá uma ampla programação até o dia 27 de março com: cultos, meditações sobre a Páscoa e a Paixão de Cristo; no sábado às 8h30, terá o Café Teológico com David Mesquiati – Pastor pentecostal (Assembleia de Deus), Doutor em Teologia (PUC-RJ) e Presidente da Fraternidade Teológica Latino Americana (FTL Brasil).

A IBP ao longo da sua trajetória tornou-se uma referência no Estado de Alagoas devido ao diálogo interreligioso com outras instituições de fé, discussão sobre gênero e etnia na Bíblia, interlocução com os movimentos sociais e a luta contra as diversas formas de desigualdades.

Porém, o momento também é de reflexão e combate aos preconceitos, após um importante ato revolucionário ocorrido no dia 28 de fevereiro. Após uma década de debates internos, os membros associados às IBP participaram de uma Assembleia para encaminhar sobre a participação dos membros homossexuais nas ações da igreja, e ocorreu a aprovação da realização do batismo dessas pessoas. A partir daí, a igreja recebeu uma enxurrada de ataques preconceituosos e homofóbicos nas redes sociais, inclusive com tom de ameaças, que foram direcionados aos pastores Wellington Santos e Odja Barros e suas filhas.

O caso teve repercussão nacional e várias instituições encaminharam notas e moções de solidariedade à IBP, destacam-se: Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Partido Comunista Brasileiro (PCB/AL) e o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô vinculada aos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs); além da Koinonia Presença Ecumênica e Serviço do Rio de Janeiro, grupo Vozes Maria de Pernambuco e a Aliança de Batistas do Brasil.

Desejamos vida longa e muita força a essa comunidade de fé, que prega na prática o respeito e o amor ao próximo. Graça e paz!


Coluna Axé – 383ª edição – Jornal Tribuna Independente (22 a 28/03/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

domingo, 20 de março de 2016

Trilha sonora - Fim de semana (19 e 20.03.16)



Alguém disse que a paz está longe demais.
Anda pelas montanhas, no campo ou nas ilhas.
Onde não há folhinha, prá marcar os dias.
E o tempo parece ter estacionado num tempo tão puro.
É provável que lá realmente haja paz.
 Mas é a paz do silêncio, da brisa e da calma...
Mas eu falo da paz que refresca a alma.
E que mesmo lá dentro da selva de pedra me traz tanta calma!
Essa paz eu encontro.
Se fecho os meus olhos e oro assim.
E Jesus vem chegando.

E eu vou mergulhando numa paz sem fim.

terça-feira, 15 de março de 2016

Retrocesso?!

No próximo mês (24 a 29 de abril), a Secretaria de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos realizará no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília, as etapas das Conferências Conjuntas de Direitos Humanos, seguindo os princípios da transversalidade, interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos. Esse será o momento de rever as políticas públicas e mapear as propostas da sociedade civil. E um fato que terá repercussão nos debates, é o raio X da situação da população afro brasileira apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Conselho de Direitos Humanos.

A relatora sobre Direito de Minorias da ONU, Rita Izak, participou de uma missão no Brasil em setembro do ano passado e suas análises apontam a perpetuação da democracia racial que contribuem para o fortalecimento do racismo. "Esse mito contribuiu para o falso argumento de que a marginalização dos afro brasileiros se dá por conta de classe social e da riqueza, e não por fatores raciais e discriminação institucional", constatou a relatora. 

A ONU afirma que apesar dos 20 anos de iniciativas para reduzir a disparidade vivida pelos negros na sociedade brasileira observa-se que houve "um fracasso em lidar com a discriminação enraizada, exclusão e pobreza enfrentadas por essas comunidades" e denuncia a "criminalização" da população negra no Brasil."

O documento destaca que "lamentavelmente, a pobreza no Brasil continua tendo uma cor." Das 16,2 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no País, 70,8% deles são afro-brasileiros. Os salários médios dos negros no Brasil são 2,4 vezes mais baixos que o dos brancos e 80% dos analfabetos brasileiros são negros. Estima-se que 75% da população carcerária no Brasil seja de afro brasileiros. No Judiciário, apenas 15,7% dos juízes são negros e não existe nenhum atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF). Em relação aos níveis estarrecedores da violência, dos 56 mil homicídios no Brasil por ano, 30 mil envolveram pessoas de 15 a 29 anos, onde 77% eram garotos negros; e em 2013, 66% a mais de mulheres afro-brasileiras foram mortas, na comparação às mulheres brancas.

Infelizmente, os dados não surpreendem mais os pretos e pardos, que corresponde a 50,7% da população brasileira, de acordo com o Censo do IBGE de 2010. Porém, é preciso que as ações afirmativas sejam uma Política de Estado efetiva em todo território nacional para que tenhamos mudanças eficazes, afinal, estamos na Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024) com o tema “Povos Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento.” O objetivo é reforçar a cooperação nacional, regional e internacional em relação ao pleno aproveitamento dos direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos de pessoas de afrodescendentes, bem como sua participação plena e igualitária em todos os aspectos da sociedade. Acesse o site http://decada-afro-onu.org para mais informações.


Fonte: Coluna Axé – 382ª edição – Jornal Tribuna Independente (15 a 21/03/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 8 de março de 2016

Mulher e luta

No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Porém, o Movimento Nacional de Mulheres realiza durante todo o mês, em diversos locais, uma ampla programação sociopolítica: palestras, ciclo de debates, exibição de filmes e manifestações. 

Em Alagoas, a representação da Marcha Mundial das Mulheres convoca toda sociedade para participar hoje de um ato público “Mulheres em luta contra a violência, pela igualdade, liberdade e autonomia”, cuja concentração será às 8h na Praça Centenário em Maceió. No local, terá café da manhã para as mulheres, atividades culturais e caminhada até o Palácio do Governo República dos Palmares.

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio da Gerência de Qualidade de Vida no Trabalho (GQVT), da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e do Trabalho (Progep), também realiza hoje no auditório Nabuco Lopes (prédio da Reitoria em Maceió) o seminário com o tema central “Mulheres, Universidade e Diversidade: Violência Contra as Mulheres em Alagoas”. Serão discutidos os temas: “Mulheres e Cultura: Violência em Foco” sobre mulheres quilombolas, negras, a interculturalidade e a violência da mulher indígena; e “A Diversidade Nossa de Cada Dia” sobre mulher e saúde, maternidade em situação prisional, mulheres transexuais e deficientes. Amanhã (9), das 9h e às 14h, terá roda de conversa sobre Violência Obstétrica no Hospital Universitário (HU - 6º andar). E no dia 10, performance especial sobre Violência contra a Mulher no Restaurante Universitário (RU) no Campus A.C. Simões. 

Também no dia 09 de março, às 8h30, no Museu da Imagem e do Som de Alagoas (MISA), terá o seminário sobre “Empoderamento feminino através da cultura como geração de renda”, que é uma organização do Governo de Alagoas por meio da Secretaria de Estado de Cultura. 

Já o Sesc Alagoas promoverá várias ações em parceria com a Secretaria Estadual da Mulher e Direitos Humanos e as Secretárias Municipais de Saúde dos municípios de Maceió e Arapiraca. Serão ofertados testes de glicemia, aferição de peso, altura e pressão, serviços de beleza nas Unidades Sesc; orientações coletivas no Shopping Pátio Maceió; palestra sobre Saúde da Mulher com Idosas do TSI; Sessão Pipoca - Exibição de vídeos sobre temas relacionados à Mulher e atividades educativas para as funcionárias do Sesc; e no dia 28, seminário sobre Saúde, violência e protagonismo da mulher. 

Atividades alusivas à data não faltam, porém, não se trata de festa e sim momento de reflexão sobre as conquistas e desigualdades enfrentadas pelas mulheres independente de classe social, raça, crença e local onde mora. Não queremos só flores e bombons... e sim, respeito todo dia!


Mulher e publicidade
Em recente pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), intitulada “O Perfil de Consumo das Mulheres Brasileiras”, foi verificada que 64,8% das brasileiras entrevistadas admitem que já mudaram seus hábitos de compra por causa das redes sociais, ao acompanhar posts, dicas e comentários. Para 58,5% das entrevistadas, as propagandas não refletem suas atitudes e quem elas são; e as principais justificativas são: que elas são muito diferentes fisicamente das mulheres reais (59,6%); que elas se sentem incomodadas pela propaganda que as apresenta como objetos sexuais (32,1%); e que as mulheres são sempre mostradas como sendo felizes em famílias perfeitas, e isto não reflete a vida real (29,5%). E como gostariam de ser retratadas: mulheres guerreiras (49,2%); reais e sem o padrão de beleza inatingível dos filmes e da TV (46,6%); dinâmicas (33,0%); e independentes (32,7%). A amostra abrange 810 mulheres com idade igual ou superior a 18 anos, de todas as classes sociais em todas as regiões brasileiras. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.


Coluna Axé – 381ª edição – Jornal Tribuna Independente (08 a 14/03/16) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 1 de março de 2016

Quizumba

O Coletivo Quizumba fundado em 2008, é um grupo teatral oriundo do Estado de São Paulo, que encontra-se em turnê com o espetáculo Quizumba. Estreado em maio de 2011 no Quilombo Cafundó, em Salto de Pirapora (SP), passou por diversas cidades do interior de São Paulo e Goiana (GO); e ainda, participou do Festival Internacional de Teatro “A cena tá preta” no Teatro Vila Velha em Salvador (BA).

Em 2014, o grupo foi contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz e recebe o apoio do Ministério da Cultura. A segunda temporada iniciou em fevereiro, passou pelas cidades pernambucanas do Recife e Palmares, e agora, chega ao Estado de Alagoas. Com direção de Camila Andrade e dramaturgia de Tadeu Renato, conta com a produção Nordeste da Decanter Articulações Culturais, em parceria com as produtoras Diana Ramos, Iara Campos e Daniela Beny.

A história é inspirada no andamento de uma roda de capoeira, o espetáculo é um misto de jogo, canto, dança e teatro. No centro da roda dois meninos que estão (re)descobrindo o mundo. Mestre Benedito é quem rege esta brincadeira, utilizando-se de elementos plásticos e musicais. Dando cor e vida aos personagens, o mestre viaja no tempo narrando a história do menino Francisco, o Zumbi dos Palmares, para ensinar seu discípulo Pastinha como equilibrar covardia e valentia e enfrentar os desafios da vida.

O projeto Quizumba na Raiz contemplará os municípios alagoanos de União dos Palmares e Maceió, com a circulação do espetáculo, a realização de oficinas de compartilhamento do processo de criação e rodas de conversas com a equipe de criação. Nessa sexta-feira (04) às 16h, terá a apresentação na comunidade remanescente de quilombo Muquém - Zona Rural de União dos Palmares; no dia seguinte, das 9h30 às 11h30, terá a oficina no mesmo local. No dia 06 de março, às 16h, espetáculo no Centro Cultural Patacuri - Terreiro Aldeia dos Orixás (situado em frente à Praça Guedes de Miranda, Ponta Grossa). E no dia 07 de março, no Espaço Cultural da UFAL (Praça Sinimbu, Centro) terá a oficina das 9h30 às 11h30 e o espetáculo às 18h.

As atividades são gratuitas! Para participar da oficina é preciso se inscrever pelo email quizumbadialogospublicos@gmail.com; e para assistir ao espetáculo, deve-se chegar uma hora antes e retirar o ingresso no local. Acompanhe o grupo na rede social facebook.com/ColetivoQuizumba e pelo blog coletivoquizumba.blogspot.com.

Essa é uma ótima oportunidade de entretenimento, que valoriza o pertencimento étnico racial e promove a partilha de conhecimentos artísticos. Esperamos que outros espetáculos afros sejam produzidos e recebam o apoio necessário para divulgarem a cultura e história afrobrasileira! Axé!


Fonte: Coluna Axé – 380ª edição – Jornal Tribuna Independente (01 a 07/03/16) / COJIRAL-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com