segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Diálogos inúteis




Por: Helciane Angélica


É impressionante como as pessoas terminam ativando o modo antissocial diante das suas adversidades emocionais e profissionais. E eu, me incluo nesse fragmento da população que se recolhe, se poupa, fica offline.


Fugimos dos programas familiares, das reuniões intermináveis, das boemias e até dos inocentes bate-papos com amigos(as) verdadeiros(as). Tudo isso para não demonstrar as fraquezas e não ter que dar explicações desnecessárias sobre as consequências dos seus próprios atos; ou simplesmente porque estamos sem assunto, não tem nada de novo, nada de interessante para falar.


Os/as especialistas de plantão diriam que essas características servem de alerta para um possível quadro depressivo e que requer cuidados. Blá, blá, blá.


A sensação é de vergonha, frustração e impotência pelos dramas vivenciados; a gente sempre acha que os nossos problemas são maiores, que tudo de ruim vem em comboio. Porém, cada um(a) tem o seu tempo de reação e formas de superação, e a única coisa que resta é: respeitar o momento e ajudar da melhor forma.


E infelizmente, por mais que você tente se esquivar, os encontros inesperados com aquele(a) colega dos tempos de escola/faculdade, do antigo trabalho, de um evento qualquer, da casa da peste... que você não ver há anos, aparece, e tenta puxar conversa sobre a sua vida só para matar a curiosidade...

I
- Olá menina! Como está?
- Oi! Tudo bem.
- Por onde andas?
- Na luta de sempre!

II
- Oi Helci! Nossa, como tá magra!
- kkk Ainda falta perder mais um pouquinho
- Agora, você é atleta, só vejo suas postagens nas redes sociais.
- Que nada, é o meu lazer.
- E aí, tá fazendo mais o que da vida?
- Só estudando e nadando mesmo.


III
- E aí, mulher. Tá trabalhando?
- Não, tô parada.
- Tá deixando currículo?
- Sim, deixei. Participei de algumas seleções, mas não fui chamada.
- Mas, tem muitas vagas na tua área?
- Não. Pelo contrário, não estão contratando.
- É, tá difícil mesmo!
- Humrum.


Pois é, é a crise econômica no Brasil, o desgaste mental, a desvalorização dos ideais e a superficialidade nas relações interpessoais. Enquanto isso, a gente segue em frente buscando dias melhores...


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