quarta-feira, 21 de março de 2018

Marielle Presente!

A população negra e oprimida está de luto. Na última quarta-feira, a violenta morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) tocou extremamente mulheres e homens que acreditam que os Direitos Humanos são para todos.

O Brasil perdeu a jovem ativista negra, que lutava contra o feminicídio, o extermínio da população negra e atuante nas causas das lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros. Marielle Franco era uma mulher com lutas expressivas contra toda violência e injustiça direcionadas à população menos favorecida na sociedade, ressaltando que os direitos são para todos os cidadãos.

Em um momento emblemático, onde a discussão em torno da alarmante violência que assola o país e em especial o Rio de Janeiro - que acaba de passar por intervenção militar - a vereadora voltava do evento “Jovens Negras Movendo Estruturas”, uma roda de conversa na Casa das Pretas, no bairro da Lapa (região Central), quando foi interceptada pelos criminosos, sendo executada a tiros. O motorista, Anderson Gomes, também foi atingido pelos disparos, se tornando mais uma vítima fatal da ação. De forma brusca a voz de Marielle foi cessada. Mas, deixou uma herança histórica e seus sucessores espalhados por todo o país, como pôde ser visto nas inúmeras manifestações. 

As cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Brasília, Belo Horizonte, Belém, Juiz de Fora, Porto Alegre, Florianópolis, Natal, Curitiba e Maceió, entre outras, realizaram diversos atos e eventos de protesto e manifestação contra o assassinato de Marielle Franco. Além disso, inúmeras entidades da sociedade civil emitiram nota oficial de repúdio ao brutal assassinato da vereadora e em solidariedade à sua família. Entre elas, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro em conjunto com a Comissão Nacional de Mulheres Jornalistas e a Comissão Nacional dos Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira).

A Câmara Municipal do Rio decretou luto oficial de três dias. Nesta Casa, Marielle presidia a Comissão da Mulher e no mês passado foi nomeada relatora da comissão que acompanhará a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Líder significativa e símbolo do ativismo em Direitos Humanos, Marielle teve atuação decisiva enquanto parlamentar eleita com mais de 46 mil votos em sua primeira eleição. Nascida e criada no Complexo da Maré (Zona Periférica) formou-se em Sociologia e mestra em Administração Pública, e pautou sua atuação na tríade da discussão de raça, gênero e cidade, contra toda forma de opressão. 

Mesmo abalada, a resistência pelo direito à dignidade da vida seguirá com seu legado. Marielle Presente! 



Fonte: Coluna Axé - 483ª edição – Jornal Tribuna Independente (20 a 26/03/18) – cojira.al@gmail.com.
(Responsáveis, interinamente, as jornalistas Valdice Gomes e Luíla de Paula).

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