terça-feira, 27 de outubro de 2015

ENEM e conscientização social

Há sete anos, foi criado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica, buscando contribuir para a melhoria da qualidade desse nível de escolaridade. Em 2009, começou a ser utilizado como mecanismo de seleção para o ingresso no ensino superior e substituiu o vestibular em muitas instituições, e também, passou a ser utilizado para o acesso a programas oferecidos pelo Governo Federal.

O conteúdo da prova abrange quatro áreas do conhecimento: Linguagens, códigos e suas tecnologias (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Literatura, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação); Matemática e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas tecnologias (Química, Física e Biologia); Ciências Humanas e suas tecnologias (conteúdos de Geografia, História, Filosofia, Sociologia e conhecimentos gerais).

No último domingo (25.10), o tema da redação do Enem 2015 foi "a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira", que obteve uma grande repercussão nas redes sociais e a proliferação de reações preconceituosas, a reprodução de pensamentos machistas e a utilização de hashtag como: #doutrinaçãofeminista #feminazi #enemfeminista.

Para Maria da Penha Maia Fernandes, 70 anos, a ativista que inspirou a criação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher), o tema da redação foi extremamente importante. "Fiquei feliz, o tema realmente está na boca do povo agora. Plantou uma semente", explicou a farmacêutica cearense, que em 1983 ficou paraplégica após o seu marido tentar assassiná-la com um tiro nas costas, enquanto ela dormia. O agressor foi condenado, mas foi solto depois de cumprir parte da pena. Hoje está livre.

O tema é extremamente pertinente e factual, trata-se de uma chaga social presente nas cinco regiões brasileiras, independente da classe social, faixa etária, cor, religião e estética. A violência é avassaladora, destrói famílias e a autoestima... deve ser sempre denunciada e punida! 

Muitas mulheres perdem a sua dignidade diante das diversas formas de violência (física, psicológica, moral, sexual, patrimonial, cárcere privado e até tráfico de pessoas), e outras, terminam sendo barbaramente assassinadas, após violência ou abuso sexual, ou até mesmo quando há uma relação de afeto ou de parentesco entre a vítima e o agressor (namorado, marido, pai, padrasto, etc). O ato de perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, possui o termo técnico de Feminicídio, e é classificado como um crime hediondo no Brasil.

O tema estimulou a reflexão sobre as políticas públicas, o principal desafio é romper com o silêncio conivente impregnado em nosso cotidiano; e esperamos que contribua para a intervenção sociopolítica em busca de igualdade, respeito e justiça social.


Fonte: Coluna Axé – 364ª edição – Jornal Tribuna Independente (27/10 a 02/11/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

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