terça-feira, 31 de março de 2015

Negros e universidades

Mais da metade da população brasileira se autodeclarou negra (preta ou parda) no último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. E de acordo com a Análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra que, apesar de ter aumentado de 27% para 51% a frequência de estudantes entre 18 e 24 anos no ensino superior, essa expansão educacional apresenta disparidades, principalmente diante do critério racial. O percentual de negros no ensino superior passou de 10,2% em 2001 para 35,8% em 2011. 

O último levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de 2012, aponta que 35% dos matriculados em cursos de graduação no País são pretos ou pardos, enquanto 62% são brancos – mesmo índice de 2011. O Norte e o Nordeste são as regiões com maior percentual de universitários negros: 63% entre os nortistas e 57% entre os nordestinos. Na região Sul, apenas 10% é preto ou pardo, contra 89% de brancos. Já no Sudeste, 27% dos que frequentam o ensino superior são negros, e no Centro-Oeste, 40%. 

Já a Rede Angola apresentou um infográfico Retrato dos Negros no Brasil, onde afirma que o acesso da população negra ao ensino superior aumentou 232% na comparação entre 2000 e 2010. Outro aspecto apontado pelo site angolano é que para cada R$100 reais ganhos por um branco, um homem negro, com a mesma formação e na mesma função, recebe R$57,40. No caso de uma mulher negra, o salário cai para R$38,5.

Todos esses dados, que ressaltam a adesão de negros e negras no mundo acadêmico refletem diretamente nas políticas afirmativas implementadas pelo governo federal, através das reivindicações históricas do movimento negro no país. 

Uma das importantes conquistas, foi a Lei de Cotas (Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012) instituída pelo governo federal, que refere-se ao ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Apesar de polêmica, determina que 50% (cinquenta por cento) das vagas sejam reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita; estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas; principalmente pessoas autodeclaradas pretas, pardas e indígenas. 

Que venham mais conquistas, novas pesquisas acadêmicas e profissionais comprometidos(as) com o desenvolvimento sociocultural e econômico do nosso povo!


Fonte: Coluna Axé – 336ª edição – Jornal Tribuna Independente (31/03 a 06/04/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

sábado, 28 de março de 2015

terça-feira, 24 de março de 2015

Quilombo Mumbaça


No dia 21 de março – Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial – o Conselho Estadual de Promoção de Igualdade Racial em Alagoas (Conepir-AL) realizou uma reunião extraordinária no município de Traipu. 

O objetivo foi aprofundar a discussão sobre as denúncias de desrespeito, perseguição e violação de direitos às famílias da comunidade remanescente de quilombo Mumbaça. Estiveram presentes várias famílias de Mumbaça e lideranças das comunidades quilombolas vizinhas Uruçu e Lagoa dos Tabuleiros. E atenderam ao pedido do Conepir, para também expor suas opiniões sobre o caso: a Prefeita do município, Conceição Tavares; o padre Eduardo; o vereador Carlos Moura, representando a Câmara Municipal. 

Dentre os conselheiros e conselheiras que acompanharam a ação, estiveram: representantes da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas Ganga Zumba, Central Única dos Trabalhadores (CUT-AL), Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas (Cojira-AL/Sindjornal), Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, Grupo União Espírita Santa Barbara (Guesb) e Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), além de Ana Omena – Superintendente de Direitos Humanos da Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos. 

A atividade contribuiu para ampliar o diálogo e iniciar a discussão sobre a implantação de um Plano Municipal de Igualdade Racial. Em relação à proibição da tradição secular da comunidade, que realiza um cortejo levando seus mortos por dentro da igreja antes do sepultamento, o padre alegou que conversará com o Bispo Dom Valério Breda. Será averiguada a constitucionalidade do decreto que transformou a comunidade Mumbaça em um distrito municipal, sob a alegação de que traria maior desenvolvimento na localidade e posteriormente poderia ser transformado em outro município, e na verdade, só contribuiu para desconstruir o pertencimento étnico. 

Também foi discutida outra grave acusação, onde os moradores que se autodeclararem como quilombolas, podem ser prejudicados quando precisam de vagas nas escolas e nos postos de saúde do município. O caso é grave, requer diálogo e fiscalização. 

O Conepir fez o seu papel e também comunicou a Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR) e outras instâncias, e se permanecer as opressões, a intervenção federal será necessária. Avante na luta! 

Conepir 
O Conepir/AL foi constituído através da Lei nº 7.448, de 20/2/2013, alterada pelo Decreto Nº 26.909, de 3/7/2013. A reunião realizada em Traipu, foi a primeira que ocorreu fora de Maceió, mas a proposta é intensificar esse contato com os segmentos e a população alagoana.

 De acordo com Valdice Gomes, presidenta do Conepir/AL, a atividade foi bem positiva e estimulou o diálogo entre as partes envolvidas. “Deixamos bem claro, que a atividade não se tratava de um tribunal, e sim, um espaço destinado à promoção da igualdade racial. Fomos com conhecimento de causa, para discutir e promover o respeito pelas tradições da comunidade quilombola”. 

Dentre os convidados estiveram: o advogado Alberto Jorge Ferreira, Presidente da Comissão de Defesa das Minorias Étnicas e Sociais da OAB/AL; o babalorixá Paulo Silva, presidente da Federação Zeladora das Religiões Tradicionais Afro-Brasileiras em Alagoas (Fretab); e Helcias Pereira – ex-conselheiro nacional do CNPIR e diretor nacional de formação dos APNs. 


Fonte: Coluna Axé - 335ª edição - Jornal Tribuna Independente (24 a 30/03/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com / Crédito da foto: Divulgação 

sábado, 21 de março de 2015

Trilha sonora - fim de semana (21 e 22.03.15)

"Mudaram as estações, nada mudou.
 Mas eu sei que alguma coisa aconteceu.
 Tá tudo assim, tão diferente..."


 

terça-feira, 17 de março de 2015

Combate internacional

Estamos na Década Internacional dos Afrodescendentes – criada por resolução da Assembleia Geral da ONU em 2014 – e o movimento social negro tem ampliado suas atividades e intensificam as reivindicações para o investimento nas ações afirmativas e o combate do racismo. 

No próximo dia 21 de março, é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), é uma referência ao Massacre de Sharpeville. 

Em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, 20.000 pessoas faziam um protesto contra a Lei do Passe, que fazia destinção pela cor da pele e condições sociais, além de obrigar a população negra a portar um cartão contendo os locais onde era permitida sua circulação. E, mesmo sendo uma manifestação pacífica, a polícia do regime de apartheid abriu fogo sobre a multidão desarmada, o que resultou em 69 mortos e 186 feridos. 

Infelizmente, todos os dias, vários cidadãos e cidadãs espalhados pelo mundo afora, são humilhados e massacrados diante da falta de oportunidades e as diversas formas de violência. 

A miséria tem cor e as formas de preconceito se proliferam, é preciso investir na educação e o respeito às diferenças. A cultura afrobrasileira deve ser valorizada sempre, a população precisa conhecer sua própria história e combate contra todo tipo de preconceito deveria ser ensinado em casa. Queremos um mundo melhor, com justiça social! Axé!


Fonte: Coluna Axé – 334ª edição – Jornal Tribuna Indepedente (17 a 23/03/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

sexta-feira, 13 de março de 2015

Jogo de interesses




Outro dia, estava no ônibus e uma conhecida entrou... toda feliz tentou interagir:

- Oi Helciane! Quanto tempo?
- Olá! Tudo bem?
- Tudo bom. E aí, ainda está trabalhando com a...?
- Não, eu pedi para sair.
- E foi, não sabia.
- É, já faz um tempinho.
- Hum.
... acabou o assunto ...



Com esse episódio tão corriqueiro, às vezes fico relembrando e avaliando a minha vida de assessora parlamentar. 

Era um cargo de confiança, sem qualquer vínculo trabalhista, onde exigia-se adaptação em várias funções: secretariar, recepcionar, coordenar, aconselhar e saber ouvir. E ainda, fazer as atividades que realmente motivaram a contratação, no meu caso, assessoria de imprensa.

A pessoa tinha que trabalhar pensando na superação, agradar sempre, não admitia erros! Afinal, existiam fiscalizadores por todo lado e sempre alguém disposto a puxar o seu tapete. Logo, aprendi que a diplomacia era uma ferramenta essencial para se permanecer viva nesse meio político-partidário. 

Uma "escravidão concebida". Os desafios e teste de paciência eram constantes. Não existia hora certa, feriado ou fim de semana. E se alimentar com calma, uma regalia para poucos dias. Tinha que receber as reclamações, calada, apesar da rebeldia em sempre querer mostrar o meu ponto de vista. E o que mais me impressionava era a atenção das pessoas - das mais diversas classes sociais e formações - porque precisam de algo ou tinham apenas o dom da bajulação. Cansei! 

Algum dia, poderei passar por algum problema financeiro, e me lembre do salário certinho entrando na conta corrente todo mês. No entanto, pode até parecer hipocrisia, solicitei a exoneração porque prefiro receber bem menos e ter qualidade de vida. Não há tempo para arrependimentos, quero saúde e mente sã.

Agora, só ficam as experiências e as indagações: a pessoa só tem valor... Quando tem poder?; Quando tem dinheiro?; Quando é bem relacionada?; Quando pode conseguir benefícios?; Quando trabalha com alguém influente? 

Aprendi muito! Foi uma fase importante na vida, de intenso crescimento profissional, conflitos pessoais e a confirmação dos meus ideais.


terça-feira, 10 de março de 2015

Parabéns, guerreiras!

No último domingo, 8 de março, foi celebrado o Dia Internacional da Mulher! Esse é mais um dia de luta e serve para enaltecer as bandeiras de luta por salários dignos, oportunidades iguais e o combate da violência doméstica.
 
Nesse mês, conseguimos mais um importante avanço no Plenário da Câmara dos Deputados no último dia 03, com a aprovação do Projeto de Lei 8305/14, do Senado Federal, que inclui o feminicídio (assassinato de mulher por razões de gênero) no Código Penal, sendo considerado como homicídio qualificado, e ainda, classificando-o ainda como hediondo.
 
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), Eleonora Menicucci, comemorou: “O feminicídio difere o crime violento contra as mulheres dos crimes gerais. A tipificação é de no mínimo três anos de prisão. É um projeto que é para o bem do Brasil, porque, sendo favorável às mulheres e contra a violência que abate qualquer mulher, nós estamos dando para as mulheres no 8 de março um instrumento de proteção e garantia”, declarou.
 
A pena prevista para homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos; e o projeto prevê ainda o aumento da pena em 1/3 se o crime ocorrer durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto; contra menor de 14 anos, maior de 60 ou pessoa com deficiência; e na presença de descendente ou ascendente da vítima.
 
Diariamente, mulheres das mais diversas classes sociais, profissões, crenças e etnias são agredidas e humilhadas de várias formas. É preciso dar um basta nessa injustiça, queremos respeito e viver com dignidade!
 

Fonte: Coluna Axé - 333ª edição – Jornal Tribuna Independente (10 a 16/03/15) / COJIRA-AL /Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

segunda-feira, 9 de março de 2015

Continue a nadar, continue a nadar!

Sempre gostei de nadar e nadei a vida toda.
 
Foram várias as idas e vindas nas piscinas. Comparecia alguns meses e parava; retornava nas férias; chegava o inverno, batia a preguiça e encerrava mais um ciclo. Era uma aluna indisciplinada.
 
Mas, há seis meses, voltei! Sai do sedentarismo. Tornou-se o cantinho da meditação, a melhor forma para conseguir emagrecer e renovar as energias.
 
A natação foi escolhida como esporte ideal, uma recomendação do clínico geral, psicóloga e endocrinologista. Uma verdadeira junta médica para comprovar que esse era o instrumento mais eficaz no controle da ansiedade e crises asmáticas.
 
E no último domingo (08.03), em pleno Dia Internacional da Mulher, participei pela primeira vez de uma competição de natação. Aceitei o desafio de entrar na equipe de revezamento 3x700m,  no Festival de Natação no Mar organizado pela Federação Aquática do Estado de Alagoas (Faeal).
 
Eu sabia que não seria fácil,  no entanto, não imaginava o quanto podia ser intenso e gratificante. Pensei em desistir algumas vezes. Um bombeiro apareceu em um caiaque, no meio da prova, e perguntou se estava tudo bem e respondi quase morrendo:  "Tá ... só quero chegar no final".
 
Parei algumas vezes. Fiz nado craw, nado peito, nado cachorrinho, boiei... qualquer coisa que mexesse as pernas e braços. Fui no meu ritmo, incentivava a mim mesma, queria chegar. Eu não ia pagar o mico de ser resgatada e a equipe ser desclassificada.

Faltou ar, senti o cheiro do combustível das embarcações no mar e veio a lembrança que não tomei a bombinha da asma. Esqueci até que estava gripada e a vontade de fazer xixi passou. O desespero em voltar à praia era maior, precisava cumprir a minha própria meta que era terminar o percurso.
 
A experiência foi incrível, parecia que não tinha fim, mas deu certo! Obrigada Academia Nadart Fênix por me ajudar a quebrar obstáculos e agradeço imensamente o incentivo dos professores Henrique e Aparecido, dos amigos e familiares. Eu nadei ao lado dos melhores, o atleta Higo e o querido professor Iuri; ficamos em primeiro na categoria e ainda levei medalha para casa. 
 
Enfim, o mais importante foi a superação dos meus próprios medos. Estou resgatando a autoestima e a qualidade de vida! Agora é continuar a treinar, vamos em frente!!! 


 
  



 
 

domingo, 8 de março de 2015

CNPIR – nova fase

O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) é um órgão colegiado, de caráter consultivo e integrante da estrutura básica da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR) em Brasília.
 
É composto por 22 órgãos do Poder Público Federal, três notáveis indicados pela SEPPIR e 19 entidades da sociedade civil selecionadas após edital público. Os novos conselheiros (biênio 2015-2016) iniciaram o trabalho na semana passada, para discutir as prioridades e a construção do Plano de Trabalho para esse ano.
 
A Presidenta do CNPIR e ministra da SEPPIR, Nilma Lino Gomes, deu as boas vindas e destacou a importância do Conselho e seu papel na construção das políticas de igualdade racial. “Conselheiros e conselheiras precisam ter bastante evidente a natureza pública das suas funções neste espaço de pactuação política. Hoje o desafio é governo e sociedade civil traçarem estratégias para temas comuns sem perder suas identidades. (...) O momento atual exige atenção e prudência no tratamento de nossa pauta, então não podemos perder o foco de nosso trabalho, que é a promoção da igualdade racial. O CNPIR vem contribuir na construção dessa política dentro do governo, visando a superação do racismo e sua perversidade”, destacou a ministra. 
 
A atual gestão terá quatro eixos prioritários: as ações afirmativas; a juventude negra; a atuação internacional da SEPPIR; povos e comunidades tradicionais. Outro desafio é a implementação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR), instituído pelo Estatuto da Igualdade Racial (Decreto n.º 8.136, de 5 de novembro de 2013), que permite avanços na institucionalização das políticas de enfrentamento ao racismo e promoção da igualdade racial em todo país, bem como a definição de competências e responsabilidades para os entes federados participantes do sistema.
 
No site http://www.seppir.gov.br/ está disponível o Relatório de Atividades do CNPIR, referente ao biênio 2012 – 2014, a publicação destaca os resultados obtidos e os detalhes das ações desenvolvidas.

Fonte: Coluna Axé – 332ª edição – Jornal Tribuna Independente (03 a 09/03/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Denúncia Quilombola

No dia 11 de fevereiro, na sede da OAB-AL no bairro da Jacarecica em Maceió, lideranças da comunidade quilombola Mumbaça (Traipu) – com o apoio de representantes do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir) e de entidades do movimento negro alagoano – apresentaram denúncias à Comissão de Defesa dos Direitos das Minorias da OAB e à imprensa.
 
Na Carta Aberta às Autoridades Brasileiras constam relatos dos quilombolas sobre desrespeito às suas origens, culturas e tradições. As lideranças quilombolas alegam que desde que o padre Eduardo assumiu a paróquia Santuário Senhor dos Pobres (localizada na comunidade) as famílias de Mumbaça são vítimas de preconceito e discriminação por parte do sacerdote e da comissão que dirige a igreja, ao ponto de serem proibidas de falarem que são quilombolas se quiserem frequentar o santuário. Além disso, estão proibidos de passarem com seus mortos por dentro da igreja antes do sepultamento, uma tradição secular na comunidade, causando profundo sentimento de frustração, constrangimento e decepção, principalmente, entre os mais velhos.
 
As famílias também são impedidas de se declarar quilombolas quando procuram uma vaga nas escolas e nos postos de saúde do município, sob ameaça de não conseguir matrícula nem atendimento médico. Outra grave denúncia, diz respeito a um decreto aprovado pela Câmara Municipal de Vereadores, que transforma a comunidade Mumbaça em um distrito do município, desconstituindo toda a ancestralidade já reconhecida pelo governo federal.
 
O documento foi protocolado na Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos que possui uma gerência afro quilombola; e ainda, será encaminhado para a Ouvidoria da Seppir, Fundação Cultural Palmares, MPF, MPE, autoridades eclesiásticas (Núncio Apostólico, Arcebispo de Maceió e bispo de Penedo), entre outros.
 
Também foi aprovado indicativo de uma reunião extraordinária do Conepir, no dia 21 de março, na própria comunidade de Mumbaça, para reunir ativistas e inclusive representantes das outras três comunidades quilombolas existentes em Traipu.
 
Leia a carta na íntegra, no blog: http://cojira-al.blogspot.com.br/
 

Fonte: Coluna Axé – 331ª edição – Jornal Tribuna Independente (24/02 a 02/03/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

92 anos da guerreira

No dia 15 de fevereiro, em pleno domingo de carnaval, a família honrou o compromisso de se reunir e curtir a grande alegria de ter a Dona Josefa em nossas vidas.
 
Doce senhora.

A pessoa mais simples e acolhedora que conheço.

Sempre atenciosa, possui conselhos precisos e uma lucidez invejável.

Tem o dom de acalmar com o olhar e seu afago é um bálsamo.

Uma verdadeira rainha!
   
Tenho muito orgulho de ser sua neta e ter tido a oportunidade de conviver e aprender com ela ... Afinal, são 92 anos de muitas histórias e ensinamentos.
 
 
 
 

 
 


 
 

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Comissão Nacional

Na última sexta-feira(06.02), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) instituiu oficialmente a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra.
 
A cerimônia contou com a presença de várias autoridades e integrantes da sociedade civil de todo o país; e foi abrilhantada pela banda mirim do Olodum, de Salvador (BA), que entoou o Hino Nacional Brasileiro ao som dos tambores; também teve a apresentação do Congado de quilombolas de Patos e Paracatu (MG); letras de Coco – ritmo nordestino influenciado pelas culturas africana e indígena – na voz de Martinha do Coco; e o grupo TAMNOÁ (Tambores do Paranoá) do Distrito Federal.
 
Inspirada na Comissão Nacional da Verdade, que investigou o período da ditadura militar no Brasil, tem como o objetivo resgatar a história da população negra no Brasil, avaliar as atrocidades cometidas à época da escravatura, obter dados quanto aos responsáveis, e ainda, sugerir políticas públicas e ações afirmativas. 
 
Na composição estão participando 57 membros, sendo dez advogados, 35 consultores e 15 convidados do Judiciário e do Ministério Público, que terão o prazo de dois anos para concluir o trabalho. Dentre os parceiros estão: Ministério de Direitos Humanos, Fundação Zumbi dos Palmares, o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) e o Instituto Nzinga Mulher Negra, além de universidades brasileiras.
 
“Queremos buscar todas aquelas ações da escravidão que persistem até hoje e fazem do país um campeão da luta contra a desigualdade, da discriminação e do racismo. É preciso que investiguemos a fundo os fatos da escravidão, assim como a Comissão Nacional da Verdade investigou fatos da ditadura e da tortura que persistem até hoje, a nossa comissão também pretende abolir, encerrar, banir os fatos que existem na escravidão até hoje”, destacou o presidente do colegiado, Humberto Adami.
 
A proposta é que as seccionais estaduais também auxiliem nas investigações e pesquisas, e ainda, implantem as comissões estaduais. Desejamos sucesso na empreitada.


Fonte: Coluna Axé - 330ª edição – Jornal Tribuna Independente (10 a 16/02/15) / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Outra chance

O destino deu algumas voltas e a gente resolveu tentar de novo.
 
Dar uma chance para nós mesmos, e para celebrar, fizemos o passeio das 9 ilhas na Lagoa Mundaú em Maceió.

Um momento inesquecível. Curtimos a exuberância da natureza e registramos cada momento através das lentes, na memória e no coração.
 
É perfeito, quando pode-se compartilhar sorrisos sinceros, beijos e abraços em um local tão especial.
 
A gente se respeita, admira e ama. Simples assim! 
 
Estamos felizes e é isso que importa...


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Celebração e Resistência Negra

Representantes de várias casas de axé e ativistas do movimento negro alagoano realizarão nessa quinta-feira(05.02), no município de União dos Palmares, mais um importante momento de celebração e pertencimento étnico.
 
A ação “De volta a Angola Janga” que significa “Minha terra” na língua africana banto, faz alusão à última grande guerra no Quilombo dos Palmares em 1694. Guerreiros e guerreiras quilombolas que lutaram até a morte por justiça e liberdade, porém, o massacre culminou na destruição da Cerca Real dos Macacos (sede administrativa e política do quilombo) e tornou-se símbolo de resistência negra mundial.
 
A programação iniciará às 22h com a acolhida na Chácara Paraíso localizada na Serra da Barriga, onde serão realizadas as apresentações de grupos artísticos-culturais e de religiosos de matriz africana, e a exibição de vídeos. Em seguida, todos os participantes seguirão em caminhada até o Parque Memorial Quilombo dos Palmares localizado no platô da serra, com paradas estratégicas e de reflexão sobre quatro segmentos: capoeiristas; juventude; quilombolas e indígenas; religiosos.
 
A atividade contou com o apoio das secretarias municipais de Cultura e Educação de União dos Palmares; Núcleo de Identidade Étnicorracial de União dos Palmares; Projeto Inaê/GUESB; Associação Adapo Muquém; fábrica Bom Leite; e Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
 
Parabéns pela iniciativa, mas a luta por respeito continua... afinal, a felicidade do negro é uma felicidade guerreira! Axé!
 

Fonte: Coluna Axé – 329ª edição – Jornal Tribuna Independente (03 a 09/02/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com
 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Xangô Rezado Alto 2015

Os religiosos de matrizes africanas, admiradores e pesquisadores estão mobilizados na realização de atividades que promovam a reflexão sobre os 103 anos do Quebra de Xangô.
 
O episódio histórico e violento ocorreu em 1912 contra as casas de culto afrobrasileiras. Babalorixás e yalorixás tiveram seus terreiros invadidos e destruídos por uma milícia armada denominada Liga dos Republicanos Combatentes, que realizou perseguições e até mortes.
 
Há três anos, foi idealizado o projeto “Xangô Rezado Alto”, uma iniciativa da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) em parceria com as casas de axé, e que atualmente tem o apoio logístico da Prefeitura de Maceió. A cada ano, as ações se multiplicam com o intuito de combater a intolerância religiosa através de debates, publicações, apresentações artísticas e atos públicos.
 
Nesse domingo (01.02) terá o ensaio Geral do Cortejo Afro Tia Marcelina (uma das principais lideranças religiosas da época e que lutou bravamente por justiça) – criado pelo Maracatu Coletivo AfroCaeté, virou bloco carnavalesco – cuja concentração será às 15h na sede do localizando na Rua Barão do Jaraguá, no bairro do Jaraguá em Maceió.
 
Também nessa data, a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) realizará o Giro dos Folguedos – Xangô Rezado Alto – edição especial e totalmente afro. A programação iniciará às 16h, na Rua de Lazer, entre as praias de Pajuçara e Ponta Verde, com dez atrações: Afoxé Odô Iyá, Maracatu Raízes da Tradição, Afoxé Ofá Omin, GUESB – Arafunfun Omanjerê, Boi Vingador, Boi Águia, Maculelê Yá Capoeira, Taieiras Alagoanas, da FACIMA-TI (Faculdade da Terceira Idade), Filhos de Exú e o grupo de capoeira Lua de São Jorge.
 
E na segunda-feira (02.02) terá um grande cortejo afro com representantes de vários terreiros, da capital e do interior, que percorrerão as ruas do Centro de Maceió. A concentração será às14h, na Praça Dom Pedro II (em frente à Assembleia Legislativa de Alagoas), em seguida, todos seguem em caminhada ao som dos batuques até à Praça Marechal Floriano Peixoto (Dos Martírios), quando haverá uma solenidade e apresentações.
 
Essa luta é antiga e persistente, cada vez mais forte, onde reivindica-se a liberdade de culto, o direito de amar os orixás; o respeito pela história, vestimentas e crença; a diversidade cultural e religiosa. O direito de ser quem é, com seu axé e energia!
 
 

Fonte: Coluna Axé – 328ª edição – Jornal Tribuna Independente (27/01 a 02/02/15) / COJIRA-AL / Editora: Helciane Angélica / Contato: cojira.al@gmail.com